quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Noite Fora de Série
(Date Night, 2010)
Comédia - 88 min.

Direção: Shawn Levy
Roteiro: Josh Klausner

Com: Steve Carrel, Tina Fey, Mark Wahlberg, James Franco, Mila Kunis e Ray Liotta

A receita parecia, de saída vencedora: pegue dois comediantes no auge de sua popularidade e esbanjando talento, coloque-os numa montanha russa de situações embaraçosas, engraçadas e dê espaço - muito - para os improvisos dos dois "magos". Resultado: um espetáculo, certo?

Não. Uma Noite Fora de Série, seria - e deveria - um veículo para comprovar que Tina Fey e Steve Carrel são o melhor que o humor americano poderia criar. Afinal são donos de carreiras vitoriosas por onde passaram. Carell após anos perambulando por produções menores e shows de TV, foi notado em Todo Poderoso, engatando O Ancora, Virgem de 40 Anos, Feiticeira, Pequena Miss Sunshine, o trabalho de dublagem em Os Sem Floresta e a versão para o cinema da série Agente 86. Mas foi com a série The Office que Carrel definitivamente entrou para o panteão de grandes astros cômicos do novo século. Seguidamente indicado ao Emmy e ao Globo de Ouro como melhor ator cômico, tornou-se uma figura popular e opção clara para bons papéis no gênero.


Já a deslumbrante Tina Fey - musa mor do editor do Fotograma Digital - é cria da máquina de revelar talentos, chamado Saturday Night Live. Além de atriz, escrevia boa parte dos shows. Teve uma tentativa de inserção no mundo do cinema - e não foi bem sucedida - mas ainda entregou uma boa comédia adolescente intitulada Meninas Malvadas. Mas só lhe foi outorgado o valor merecido quando "pariu" a série 30 Rock, que lhe valeu dois Globos de Ouro e uma série de Emmys.
Currículos invejáveis dirigidos pelo insosso Shawn Levy de "obras" como: Noite no Museu 1 e 2, Pantera cor de Rosa, Recém Casados e Doze é Demais. Ou seja, um diretor "so-so" que não trazia nada a mais para apimentar a força criativa da dupla. E o roteirista? Josh Klausner foi o responsável pelo medíocre Shrek 3 e pelo aceitável Shrek 4.

O que nos leva a pensar que o filme deveria ter sido "dado" aos dois atores, para que com seu talento e capacidade pudessem brincar como quisessem. Outro erro.


Os dois, apesar de apresentarem uma ou outra boa piada, estão presos a história bobinha do casal que ao fingirem serem outras pessoas num restaurante, são perseguidos pela máfia, policia e afins.

O filme começa brincando com os estereótipos do casamento frustrado americano. Rotina, tédio, falta de emoção e filhos são a causa para uma relação - seguindo o filme - cair no marasmo. O filme defende que é necessária uma sacudida para que a relação saia do lugar comum. Isso é uma constatação óbvia, que o roteiro eleva a enésima potência, quando inclui o plot da máfia que gera a montanha russa de situações que o casal enfrenta.

O problema é que o espectador telegrafa com muita antecedência os movimentos que o filme faz. É claro que estamos falando de uma comédia inofensiva, sem muita - ou nenhuma - pretensão além de ser um passatempo esquecível, mas é necessário que o espectador ao menos se envolva com aquele pessoal. E isso não acontece. Todos são rasos e chatos. O que se salva, e muito por estar brincando com sua persona é Mark Wahlberg, que passa o filme todo sem camisa, rendendo as melhores - e talvez únicas - piadas do filme.


Os demais coadjuvantes (todos de peso) não fazem nada digno de nota: Ray Liotta tenta reprisar (em censura PG-13) seu papel em Os Bons Companheiros, James Franco e Mila Kunis entram e saem - literalmente - pela janela e os protagonistas, mesmo extremamente talentosos, não conseguem fugir do embaraço do roteiro. Carell se sai um pouco melhor, talvez por estar mais acostumado a lidar com roteiros fracos criados apenas para capitalizar com a fama dos seus astros e consegue uma ou duas piadas. Já Tina Fey, apesar de linda, não está acostumada a lidar com roteiros que não vieram de sua mente privilegiada, portanto naufraga totalmente, reduzindo sua personagem a uma sucessão de momentos sem graça.

Nem mesmo na conclusão o filme arranca risos da platéia, em especial numa medonha aparição do casal numa casa de strip-tease. Ok, a situação por si só é absurda, mas somente risadas - poucas - amarelas são geradas pela seqüência.

Shawn Levy não tem jeito, deve continuar sua carreira no nicho das comédias "para a toda a família" e ganhará seu pão com isso. Que seja feliz. Mas Tina Fey e Steve Carell merecem projetos muito mais interessantes para demonstrarem na tela grande toda a sua competência que é visto na televisão toda a semana.


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