segunda-feira, 2 de agosto de 2010


Salt
(Salt, 2010)
Thriller - 100 min.

Direção: Phillip Noyce
Roteiro: Kurt Wimmer

Com: Angelina Jolie, Liev Schreiber, Chiwetel Ejiofor

Kurt Wimmer conseguiu colocar seu nome em evidência pela primeira vez quando escreveu e dirigiu em 2002, o filme Equilibrium. Bom e com ideias interessantes para uma ficção científica de alienação. Com boa direção e ação bem coreografada, aquele poderia ser o ponto de partida principal de um diretor promissor. Entretanto, projetos seguintes mostrariam que Wimmer não possuia o talento esperado. Depois de escrever e dirigir o cretino Ultravioleta, ele roteirizou filmes fracos como Reis da Rua e Código de Conduta. Logo, estaria provado que Wimmer estava mais para um diretor de um filme só - que nem é tão bom assim- e um roteirista medíocre. Aproveitando o verão americano recheado de blockbusters, e algumas estrelas consagradas em busca de trabalho, os estúdios hollywoodianos financiaram o mais recente projeto de Kurt Wimmer - Salt.

Entretanto, o escalado para dirigir o longa foi o bom Phillip Noyce, o qual tem bom retrospecto na direção de dramas e suspenses . Faltava a escolha de um ator principal, já que originalmente a personagem Salt era um homem. O nome de Tom Cruise foi cogitado, e o filme foi pensado para o ator. Porém, Cruise fez escolha melhor , e decidiu participar de outro blockbuster - Encontro Explosivo - e deixou o projeto. Ora, era preciso o nome de outra estrela consagrada para atrair público para o projeto. Angelina Jolie se mostrou disponível, e foi contratada para o projeto. Após assistir a Salt, é possível entender porque Cruise abandonou o filme. Salt é um blockbuster esquecível como Encontro Explosivo, mas sofre de um mal ainda pior. Carece de originalidade, não consegue por em prática decentemente o que copiou, e enche a tela de reviravoltas.


A trama , regurgitada de filmes de espionagem (e descaradamente chupada da franquia Bourne) segue a espiã da CIA Evelyn Salt (Angelina Jolie) que, antes de fazer uma viagem importante, é surpreendida pelo achado de um desertor russo. Esse desertor conta uma história dizendo que vários espiões russos foram trazidos para os EUA quando pequenos, para realizarem missões contra a pátria americana quando chegasse o dia X. Depois disso, ele diz que Salt é um desses espiões , e que realizará uma missão naquele dia. A partir daí, Salt começa a ser caçada por seus superiores ,enquanto precisa provar sua inocência e encontrar seu marido.

O roteiro escrito por Wimmer apresenta falhas logo de início, pela trama fraca e batida. O velho esquema de espião excepcional que precisa provar sua inocencia e vencer aqueles que o perseguem já não funciona mais. Tal tipo de história já foi explorada magistralmente pela trilogia Bourne, e um repeteco mal feito não atrai a ninguém. Entretanto, Wimmer não se contém em apenas copiar a história, e copia também situações consagradas. Deste modo, fica complicado tirar algum proveito da película, ainda mais quando o elemento que já não é original se mostra ruim. Os personagens não convencem, suas motivações são simplórias – principalmente a motivação final de Salt – e o filme excede em plot-twists. Sendo o artifício mais barato e simples para roteiristas que não têm idéias para finais de filmes, Kurt Wimmer mostra não ter quase idéia nenhuma. Se contadas, as reviravoltas presentes em Salt quase enchem os dedos de uma mão, e estão lá para tentar passar a impressão de inteligencia para o público, quando na verdade sua única utilidade é sacramentar a mediocridade da história. Tudo isso, com a proposta de se levar a sério. Porém, qualquer chance de levar Salt a sério fica pelo caminho ao longo do filme.


E, se a história é uma xerox ruim dos filmes de espionagem, a direção de Phillip Noyce segue pelo mesmo caminho. O cineasta aplica o mesmo estilo de Paul Greengrass em o Ultimato Bourne, com a câmera tremida e um estilo documental em alguns momentos, com zoons e afins. Ao invés de seguir o caminho de um James Mangold em Encontro Explosivo, com uma direção estilosa tirando imagens belas e plásticas, Noyce segue o padrão Greengrass, e não tem a destreza suficiente para retirar todo o potencial das cenas de ação. Como tudo no filme, a direção também é uma cópia ineficiente.

Na parte técnica, pouco também a se aproveitar. A trilha de James Newton Howard está estranhamente ruim, sem emoção e sem ritmo. Faz o feijão com arroz de maneira ruim, e passa quase desapercebida, pois quando percebemos o que ouvimos, não gostamos muito. Já nas atuações, Angelina Jolie não faz mais do que o normal. Fica no piloto automático o filme todo, e nas partes onde sua dramaticidade precisa aparecer , vemos apenas caras e bocas que não convencem. Todos os outros atores seguem no mesmo ritmo.


Ao sair da sessão de Salt, ficamos com a sensação de termos visto uma cópia mal executada de filmes bons de espionagem. Uma história fraca, colocada de uma maneira séria, que beira a canastrice. Logo, vem a pergunta “ Porque então existe Salt?” “Para fazer dinheiro”, é a resposta. Mas se nem isso o filme fez, é melhor esquecer de vez a película, e constatar que mais uma vez Kurt Wimmer provou ser um péssimo roteirista.


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