sábado, 14 de novembro de 2009


As Férias do Sr. Hulot (Les Vacances de Monsieur Hulot, 1953)

Direção: Jacques Tati

Com: Jacques Tati, Nathalie Pascaud, Micheline Rolla


Quem é essa força cômica chamada Jacques Tati ? Biograficamente Tati nasceu em 1907 em Paris e após tentar a sorte como jogador de rugby (onde foi bem sucedido, devido a seu 1,87m) e como mímico, encontrou-se no cinema e foi na sétima arte que seu talento desabrochou.



Essa é a descrição biográfica de Tati, a descrição “real” é um pouco mais complicada.


Tati foi um dos principais seguidores dos humoristas/roteiristas do cinema mudo, em especial da comédia física de Keaton e da criação de personagens humanos e hilariantes como Chaplin.


Em As Férias do Sr. Hulot , Tati vive Hulot um “abestalhado” e exageradamente cortês homem de meia idade que decide passar um feriado em uma praia abarrotada de turistas.


Isso é o estopim para todas as gags físicas brilhantemente executadas pelo francês.


Tati é um misto de Pateta da Disney com Mr. Bean (só para deixar o personagem mais próximo dos dias atuais). As semelhanças com o personagem da Disney são tão evidentes que até a roupa de Hulot é parecida com a que o personagem usa em alguns desenhos onde ele , por coincidência ou homenagem, também está na praia. Como não sei a data exata dos desenhos não sei quem homenageou quem.


A sucessão de gags das mais variadas permeiam todo o filme e substituem o que se poderia chamar de enredo, algumas destas não sobreviveram ao tempo, em especial aquelas que satirizam os costumes da classe média francesa. Mas todas as gags físicas de Tati estão ali e funcionam perfeitamente. Aposto com vocês que é impossível não rir da impagável sequência no cemitério ou de Tati tentando fugir de um ornitólogo que ele confunde com um tarado. São ingênuas, sensíveis e brilhantemente executadas.


Apesar da aparente falta de conceito ou de história, todos os planos e momentos são calculados para que aqueles que vejam o filme não sintam essa sensação.


É o mesmo cuidado técnico, por exemplo, que Kubrick teve ao filmar todas as cenas de Barry Lyndon com iluminação de velas para recriar o clima de época sem que o cinéfilo perceba essa diferença. Tati pensa cada gag como um momento especial do filme e elas se sucedem de forma tão fluída que não se percebe o “dedo” de um diretor ou uma exagerada mise-en-scène; as coisas simplesmente acontecem e sempre de forma desastrada quando Hulot está por perto.


Esse mais do que um Filme Par Ver Antes de Morrer é um aula de como a comédia pode ser feita de maneira simples, sem bordões chulos e imbecis.


 

7 comentários:

  1. Kamila, procure porque garanto boas risadas.

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  2. Também não assisti a esse filme. Pela sua análise, para ser uma excelente experiência!

    Abraço!

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  3. Sou fã dos filmes de Tati, este é o 2º que mais gosto dele - em 1º esta Meu Tio, que é maravilhoso.
    Os filmes de Tati, são excelentes recomendações.
    Bjs

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  4. Daniel: Procure o filme, pois realmente é uma experiência essencialmente divertida.

    Gema: Obrigado pela presença. Tati é um dos gênios da comédia. Uma pena que aqui no Brasil seja tão difícil encontrar seus filmes.

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  5. Quando fui fazer um trabalho sobre David Linch na faculdade e li que um dos filmes que ele considera inspiração para sua carreira foi esse (junto com 8 1/2 de Fellini), procurei feito doida o filme para assistir, mas não encontrei. Então, até hoje estou na procura.

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  6. Amanda , achei o filme pela net mesmo, porque nossas distribuidoras são (em sua maioria) incompetentes.

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