(Besouro - 2009)
Ação/Aventura
Direção: João Daniel Tikhomiroff
Roteiro: Patrícia Andrade e João Daniel Tikhomiroff
Com: Aílton Carmo, Anderson Santos de Jesus
Um dos grandes problemas do cinema brasileiro sempre foi a restrição a determinados gêneros. O drama,bom como sempre, retratando a dura realidade brasileira. As comédias românticas globais com atores nacionais famosos. Os policiais que mostram a violência. Esses são as bases do cinema brasileiro numa visão rápida e geral. Nunca foi feito, entretanto, algum filme de ação, ficção ou até mesmo um simples suspense brasileiro. Talvez um grande complexo do nosso país seja mostrar nas telonas uma realidade dura demais com violência e miséria, para ganhar prêmios interinacionais. Nesses filmes o objetivo é chocar o público. Era preciso pensar, que mostrar uma vida difícil e com choque talvez não seja suficiente. É de bom gosto de vez em quando, portanto, mudar um pouco esse objetivo e mostrar a realidade brasileira com arte cinematográfica.
Besouro, filme do estreante em longas João Daniel Tikhomiroff, envereda por esse caminho. Faz, então, o primeiro filme de ação nacional, que não tem o objetivo de chocar, mas sim de mostrar artisticamente, a cultura brasileira, não necessarimente sua miséria urbana. O filme tem um embasamento que não complica muito e honra a história brasileira. A trama é sobre Besouro, conhecido como o melhor capoerista de todos os tempos, que ,em 1924, tem o desafio de combater os grandes coronéis do recôncavo baiano, que tratavam a população negra ainda como escrava.
Tendo essa premissa, o filme se inicia com aspectos realmente dignos de filmes de ação.Uma sequencia inicial inovadora que acompanha a visão de um inseto. O suspense que ocorre em uma cena é aumentado quando intercalada com uma cena de luta. O capanga é subjugado pelo herói e seus golpes. Tudo isso, unido em seu início, nos faz sorrir e ficar empolgados com o filme. Pensamos : " o cinema brasileiro finalmente aprendeu a lição e fez um filme diferenciado". Um filme de ação, emfim, que trás como pano de fundo uma história da cultura brasileira.
Entretanto, nem tudo são flores em Besouro. A história mostra desde seu início que será baseada em um herói, que dá título ao filme. Esperamos logo então a chegada desse herói ao seu destino, seu drama e suas implicações. Porém, o roteiro se esquece um pouco do herói durante o filme, dando espaço para um novo núcleo, o da personagem de Dinorá(interesse romântico do protagonista) e sua mãe. Não reclamo pois não acho que esse núcleo seja descabido. É um núcleo que, após o término do filme, demonstra sua importância. Entretanto, é uma importancia um pouco exagerada que esse roteiro dá ao núcleo. Outro problema do longa é o fato do protagonista ficar muito tempo se preparando. Demora muito, e quase chega a enrolar. Mas esse problema seria solucionado caso a sequencia da luta final fosse mais bem aproveitada. O herói demora, se prepara física e espiritualmente, e no seu momento de clímax contra os vilões tem uma luta rápida demais. Quase passa despercebida essa sequencia, e sendo ela curta demais, perde todo o resto, como o drama e a emoção. Deste modo, fica aquele gosto amargo de " faltou algo a mais", e o filme que se baseava em um herói, se foca muito mais na preparação desse personagem. E isso, obviamente, compromete a quantidade de cenas de lutas ao longo do filme. Não é um filme de ação com muitas cenas de pancadaria. A ação é pontuada, e acho que nese aspecto, a ousadia dos realizadores fariam mais pelo filme. Se é um filme de ação, ela podia ter sido colocada em uma dose maior, sem medo. Até porque, essa é uma primeira experiência do cinema nacional nesse gênero.
A técnica do filme, porém, é muito boa. A direção de estréia de Tikhomiroff é ótima e se encaixa perfeitamente no gênero do filme. Ela tem cortes rápidos, longas sequencias únicas colocadas devidamente em momentos de espiritualismo maior. Os closes nas armas na parte em que os capatazes as preparam são ótimos, e nos remetem a filmes de Hollywood. Aliás, eu, que estava vindo de dias que assistia apenas filmes americanos não me senti muito estranho na exibição de Besouro. Nas coreografias de cenas de luta, o filme se sai muito bem. Também pudera, com o coreografista chinês Huen Chiu Ku( que trabalhou para coreografar lutas de filmes como Kill Bill e O Tigre e o Dragão) as cenas não fazem feio. Tem desde saltos acrobáticos que fazem o personagem sair do chão e chegar no telhado a lutas sobre os galhos de uma árvore. O que falta é a quantidade dessas cenas no filme.
Besouro então, se torna um marco no cinema brasileiro, por três motivos. Um é pelo motivo óbvio do gênero de ação aqui no Brasil, que se inicia, mesmo que de maneira um pouco tímida.O outro é pelo gordo orçamento. Dez milhões de reais, uma quantia alta se comparada a outros projetos nacionais. O terceiro é pela apresentação de Tikhomiroff ao cinema. Grande diretor.Um dos melhores nacionais, sem dúvidas. Já estou ansioso por seu próximo trabalho. Esse entretanto, escorregou um pouco no roteiro.
TRAILER:
Recebemos hoje mais um selo, da nossa grande parceira e amiga Júnia do blog Vintage Blog. A "regra" desse selo é escolher dez amigos e indicá-los para receber o selo e depois entrar em seus respectivos blogs e informá-los.
Meus escolhidos:
Como agradecimento especial aos colaborados do blog que gentilmente cedem seus textos para a publicação no Fotograma:
- Dedo de Prosa (http://dedode-prosa.blogspot.com/) da Ana Carolina
- Hellraiser (http://leraiser.blogspot.com/ ) do Leandro Pujiz
- Old School Nerds (http://www.old-school-nerds.blogspot.com/ ) do Gabriel e do Joaquim
Como agradecimento as aulas de cinema e a camaradagem conquistada:
- Cinemótica (http://awardmovies.blogspot.com/ )
- Cinéfila Por Natureza (http://cinefilapornatureza.wordpress.com/)
- Dr. Frame (http://drframe.blogspot.com/)
- It Was Red (http://itwasredcinema.blogspot.com/)
- Multiplot (http://multiplot.wordpress.com/)
- Viver e Morrer no Cinema (http://buchinsky.wordpress.com/)
- XManiac (http://xmaniac.net/)
Obrigado Júnia e até a próxima.
Alexandre, muito obrigada pelo selo. :-)
ResponderExcluirQuanto à "Besouro": adoro cinema brasileiro, sou uma total entusiasta, mas não tenho coragem de conferir este filme.
Tenho de assistir antes que saia de cartaz!
ResponderExcluirEu definitivamente não sou muito fã do cinema nacional, porque é sempre a mesma coisa: telenovelas pseudo-cinematográficas.
ResponderExcluirNo entanto, eu fiquei bastante curioso para ver esse filme. Há um quê de diferente nele, algo que distoa do tom dramatúrgico da maioria dos filmes lançados pelo Brasil e por isso quero conhecer a obra.
Uns me falaram que é bom, outros disseram que é ruim. Quero ver, ter minha opinião.
Sobre o selo, parabéns!
(e eu ainda não me convenci de que animações valham a pena)
Kamila: Besouro é um caso de amor ou ódio mesmo.
ResponderExcluirOsvaldo: Bom te ver por aqui cara. Não sei como o filme vai indo de bilheteria, mas sendo nacional e não tendo nenhum global acho que não deve ficar muito no cinema.
Luis: o filme tem coisas diferentes sim, mas peca no roteiro como o Joaquim escreveu. Sobre as animações... cara desisti rsrsrs, Sean Penn e animação são assuntos proibidos rsrs.
Hunf, o Apimentário nem entrou, mas isso era esperado...rsrs
ResponderExcluirBrincadeiras a parte, quero comentar que Besouro nem me apatece, nem mesmo o trailer me deixou curioso, um dia quem sabe eu vejo.
abraço, aparece!
Criatiano: você já ganhou o seu rsrs, não posso mandar de novo .
ResponderExcluirAlexandre, é você tem razão: Sean Penn e animações são assusntos complicados.
ResponderExcluirsahisahiJOSAJOSAJOihsahisa
Eu terei que ver WALL-E e assim que o fizer, vou tentar vê-lo com bons olhos. Daí venho aqui dizer.
=)
"Eu definitivamente não sou muito fã do cinema nacional, porque é sempre a mesma coisa: telenovelas pseudo-cinematográficas."
ResponderExcluirAcho que esse comentário é um pouco equivocado.
Deveria conhecer melhor o cinema nacional antes de soltar um pérola dessa rsrsrs
Muitos filmes nacionais são novelas mesmo. Basta ver Cazuza! Um dos filmes mais novelísticos que já vi. Talvez eu não tenha sido feliz assistindo aos filmes nacionais e só tenha visto as "novelas".
ResponderExcluirExistem filmes que são definitivamente assim, novelas filmadas, mas existem outros que são cinema mesmo. Em geral aqueles apoiados pela Globo Filmes se enquadram no primeiro quesito, e por uma "coincidencia" são os filmes nacionais que tem mais espaço nos cinemas.
ResponderExcluirIsso é verdade, os filmes que são patrocinado pela Globo Filmes parecem novelas, e 90% são ruins. Mas são os mais comerciais e o mais divulgados. Talves seja por isso que a maioria do público só conheçam estes.
ResponderExcluirOs filmes nacionais realmente bons que não deixam nada a desejar e são, alguns, até melhores que produções hollywoodianas.
Mesmo assim, ainda acredito que deva conhecer bem antes de criticar rsrsrs
Abraço!
Muito obrigado pelo selo! Além disso, agradeço sua constante participação no "it was RED".
ResponderExcluirAbraço!