Direção: Andrzej Zulawski
Com: Isabelle Adjani, Sam Neill
(É impossível não falar desse filme sem comentar alguns spoilers sobre a trama, já que a mesma é tão complicada de ser entendida, que só assim conseguiria produzir um texto).
Que filme estranho ! Essa é a primeira afirmação que fiz quando terminei de ver esse filme bizarro de Andrzej Zulawski.
O polonês criou uma atmosfera doentia, daquelas que faz você pensar no filme por dias a fio. A história fala de um homem (Sam Neill perturbado) que é abandonado pela mulher (Isabelle Adjani) e que tenta de qualquer jeito descobrir o motivo para ter sido “chutado”.
E é isso. O que acontece depois disso é uma sucessão lisérgica e perturbada de eventos que o levam a descobrir (SPOILER) que ela teve um amante.
Ele se encontra com esse tal amante e os dois não sabem o motivo da estranheza da mulher; já que ela abandonara também o amante.
As eventuais visitas da mulher a casa de seu ex-marido para visitas ao filho do casal são tomadas de diálogos que beiram o incompreensível, cheia de rebuscadas referências e idéias complexas.
O que ocorre é que tanto o marido quanto o amante foram trocados por uma coisa (SPOILER) , uma espécie de monstro bizarro que satisfaz sexualmente a mulher.
Muitas análises podem ser feitas a partir daí. Que o filme fala sobre a doença que o amor pode se transformar, que o filme trata do final de um relacionamento, ou que no fundo estamos vendo um filme onde um “deus” tenta voltar a vida.
Todas essas idéias (e ai que entra a tal complexidade) podem ser consideradas, assim como outras que o cinéfilo pode ter.
Tecnicamente Zulawski é soberbo. Não aliviando na nojeira, e ainda sendo delicado e fotograficamente inteligente. Como assim você perguntam ? O que significa ser fotograficamente inteligente ? Significa achar o tom do filme, assim na “unha” e mantê-lo até o final. Em nenhum momento sofremos de “tremeliques” ou mudanças na “gelatina”. O filme se apresenta como uma fábula realista e se mantém até nos momentos mais surreais. Caso houvessem mudanças em algum aspecto estético do filme, ele perderia muitos pontos comigo e, honestamente, me sentiria muito enganado.
Todavia o filme ainda conta com a melhor atuação da vida de Isabelle Adjani, que nunca esteve tão bela, apesar de parecer etérea e em outro plano astral durante toda a projeção.
Notem a (SPOILER) fabulosa cena no metrô e percebam a real aflição da personagem, o real comprometimento dela com as sensações que ela queria causar e que Zulawski a conduziu brilhantemente.
Usando uma frase que já foi usada pelo companheiro Ronald do Dementia 13 sobre o filme: “como diria David Lynch existem filmes que devem ser sentidos e não compreendidos”.
Assino embaixo, Possessão é um estado de percepção. É uma experiência , muito mais que simplesmente um filme.
É forte, tétrico, complexo e poético.
é... realmente este aqui é bom e confuso na mesma medida.
ResponderExcluirA história realmente parece ser boa, mas eu ainda não conheço o filme. E nunca me identifiquei muito com a atriz principal.
ResponderExcluirMas se eu puder, vou vê-lo!
Nunca tinha ouvido falar neste filme antes, mas teu texto me deixou curiosa. Gostei!
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