Direção: Roman Polanski
Com: Jack Nicholson, Faye Dunaway, John Huston
Noir: Film noir é um estilo cinematográfico primariamente associado ao gênero policial, que retrata seus personagens principais num mundo cínico e antipático. O Film noir é derivado dos romances de suspense da época da Grande Depressão (muitos filmes noir foram adaptados de romances policiais do período), e do estilo visual dos filmes de terror da década de 1930 (fonte Wikipedia).
O filme noir, junto ao western pode ser descrito como essencialmente americano. Num bom noir, algumas características básicas são sempre repetidas: Mocinhos com moralidade ambigua, mocinha geralmente misteriosa ou uma típica femme fatale, personagens violentos, roteiro intrincado, finais trágicos entre outros elementos.
Um desses não citados mais sempre observado, é o fato da película sempre ser preta e branca, o que facilita o uso de sombras e da escuridão como elemento dramático.
Chinatown é tudo isso e mais, consegue passar as mesmas sensações usando da cor.
Dirigida por Roman Polanski e estrelado por Jack Nicholson e Faye Dunaway, Chinatown é a maior obra do cinema noir em cores. Todas as outras tentativas esbarram em um ou outro problema, seja ele de roteiro, de caracterização, mas principalmente de clima.
Polanski consegue seu intento com maestria, ao contar de forma rebuscada e misteriosa (como todo noir que se prese) a história de Jack Gills (vivido com extrema competência por Jack Nicholson) que é contratado por Evelyn Mulray (uma títpica femme fatale vivida por Diane Ladd) para seguir Hollis Mulray, marido de Evelyn e engenheiro-chefe do departamento de água da cidade, que supostamente está tendo um caso. Gills faz seu trabalho, aparentemente simples e após alguns dias de vigilia flagra finalmente Hollis acompanhado por outra mulher e os fotografa.
A história se complica quando a verdadeira Sra. Mulray (Faye Dunaway, melancólica, contida em sua fúria e elegante por todo o filme) aparece e Gills fica confuso e perdido quanto as motivações de sua investigação.
A partir daí a história parte rumo aos meandros mais escuros dos filmes noir, com revelações bombásticas e as maiores e melhores convenções do gênero.
Polanski também é muito feliz ao escalar o veterano ator e diretor John Huston (que havia dirigido, o talvez, mais famoso filme noir da história “O Falcão Maltês”) como o pai de Evelyn, o que trás uma certa nobreza e aprovação de um mestre para um discipulo. Durante toda sua carreira Polanski abordou quase todos os gêneros cinematográficos e em Chinatown ele deixou sua marca na história do cinema noir.
Ainda no quesito atuação, Nicholson descontrói sua persona cinematográfica e talvez entregue seu personagem mais “comum”, sem seus tradicionais trejeitos de interpretação, caretas e afins.
O filme é recheado de momentos impressionantes como a famosa cena do corte no nariz de Gills (realizada no filme pelo próprio Polanski), a revelação do mistério em meio a tapas e o tiroteio final onde uma simples buzinada é o prenuncio do terror e da morte.
Outro destaque é para a sempre eficiente trilha do mestre Jerry Goldsmith, sempre bem colocada e auxiliando as imagens mostradas e não as sobrepujando.
Polanski não quis inventar e diferente de outros de seus filmes (Rosemary, MacBeth, Dança dos Vampiros) não apelou ao grotesto ou ao surreal. Ele é direto, simples e eficiente. Aposta suas fichas em seu elenco e triunfa com grandiosidade. O casal Dunaway/Nicholson se equilibra entre a mútua disconfiança e a atração sexual entre os dois.
Chinatown é um marco do cinema moderno, dirigido por um diretor no auge de seu talento e criatividade. Merece ser visto, revisto e apreciado.
Obs: o fabuloso final do filme foi reescrito por Polanski na véspera das filmagens , pois ele não concordava com o tom que o roteirista Robert Towne deu a trama. Apesar da mudança, Towne venceu o Oscar de roteiro no ano de 1975
Apesar de todos os comentários positivos que ouço, esse filme não me agradou.
ResponderExcluirVi esse filme, pela primeira vez, esta semana. 5* Muito bom. Concordo em absoluto com sua resenha, que, aliás está muito bem desenvolvida ;)
ResponderExcluirCumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema