quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Karakter
(Karakter, 1997)

de: Mike Van Diem
Com: Jan Decleir, Fedja van Huêt, Betty Schuurman, Victor Löw, Hans Kesting




O Ano de 1998 para o Oscar foi o ano do Titanic, mas pouca gente se lembra, até hoje, que há a premiação "secundária" para melhor filme, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, os quais filmes são muito recorrentes aqui no Fotograma.


Neste caso em questão não é diferente, caído totalmente no esquecimento das pessoas Karakter ficou conhecido à epoca, principalmente pelos brasileiros por ter desbancado O Que É Isso Companheiro no Oscar, entretanto o filme teve seus minutos de fama no Brasil, mas não fora mais divulgado. Chegou em VHS no Brasil e depois houve seu lançamento em DVD, mas como a maioria dos filmes que não tem "sucesso de público" está em falta. Virou item de colecionador.





Com o merecido prêmio, a Holanda chegava a seu 3º Oscar, ficando em 4º na lista dos países que mais ganharam Oscar de filme estrangeiro, perdendo apenas para Itália (13), França (12) Espanha e Japão (4). Os outros filmes holandeses que ganharam como melhores filmes estrangeiros foram: A Excêntrica Família de Antônia (1996) e O Assalto (1987).


O filme de Mike Van Diem começa com uma briga entre pai e filho que resulta em morte. Ao ser interrogado pela polícia Katadreuffe conta sua versão dos fatos, juntamente com sua história. O Filme é narrado na base de um grande flashback, desde seu nascimento, sua relação apática com sua mãe e finalmente o envolvimento da sua vida com Dreverhaven (seu pai).






Katadreuffe que sempre foi uma pessoa dotada de uma inteligência peculiar aproveitou-se dela para que pudesse crescer na vida, haja vista ter vindo de uma família de classe baixa, onde descobrimos que se não bastasse ser filho de Dreverhaven, um oficial de justiça imponente e frio, é bastardo, pois ele (Dreverhaven) nunca quis assumir o filho que teve com Joba numa relação casual.


Criado por sua mãe apática e seu pai ausente e convivendo com o fato de ser considerado um "bastardo", teve que seguir seu próprio rumo sem a ajuda de ninguem. A partir dai o filme se desenvovle maravilhosamente, passando por todos os pontos na vida de Katadreuffe, que conseguira um emprego no banco devido ao seu conhecimento da língua inglesa e a partir daí sua vida entrou numa espiral crescente, mas sempre entrando em conflito com seu renegado pai. Onde as relações deixam de ser profissionais e vão para o lado pessoal da coisa, onde um quer mostrar mais poder que o outro.






O cenário desta trama é a sombria Roterdã da década de 20, em meio a crescente burguesia, no inicio do conflito capitalismo x comunismo. A excelente fotografia cria o clima de obscuridade, medo e suspense, onde nunca sabemos o que está por vir. Talvez seja por isso que esta bela obra tenha caído no esquecimento.


Mesmo considerando O Que É Isso Companheiro um dos grandes filmes do cinema nacional, admito que Karakter é muito melhor que nossa produção e merecidamente levou a estatueta, mas como não trata-se de um filme comercial e ainda holandês, fica difícil seu conhecimento ao público. A primeira vez que assisti a esse filme, foi em meados de 1998 na época em que a TV Bandeirantes ainda tinha filmes em sua programação, desde então nunca mais ouvi notícia que tenha passado na tv, seja aberta ou fechada.





As duas horas de filme dessa história de vida, lições, suspense e redenções, conta com um final um tanto surpreendente e simples, é o tipo de final simples que quando assistimos pensamos em várias coisas e esquecemos do óbvio. Portanto quem gosta de cinema europeu deve obrigatoriamente ver esta obra.

Bruno Gonçalves
Estudante de Direito e Arauto do Caos

Um comentário:

  1. INTRIGANTE, REAL E CRUEL. CARATER É UM FILME QUE NOS MOSTRA O QUANTO A INDIFERENÇA PODE BRUTALIZAR O SER HUMANO. E QUE O ÓDIO E EGO NOS LEVA AS ALTURAS PARA SORRIR DE NOSSA QUEDA!... O FILME É BOM E INSTRUTIVO.Ilda

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