sábado, 9 de janeiro de 2010


Avatar
(Avatar, 2009)
Ficção Científica - 162 min.

Direção: James Cameron
Roteiro: James Cameron

Com: Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Michelle Rodriguez, Giovanni Ribisi

Depois de fazer Titanic, seu último trabalho, há 12 anos atrás, que se tornou a maior bilheteria da história, James Cameron começou a trabalhar em um novo roteiro : o de Avatar. Nos últimos meses, ouvíamos sempre pessoas dizendo que Cameron estava trabalhando a 12 anos nesse script, e estava desenvolvendo uma tecnologia capaz de suprir a demanda gigantesca de efeitos de seu filme. No final de 2008 para o início de 2009, já estava previsto que Avatar seria lançado em dezembro de 2009. Então, os meses que se estenderam até essa data tinham, entre outras pautas, Avatar.

Muito mistério foi criado a partir daí. Nada era mostrado, a maioria das informações eram mantidas trancadas a sete chaves, tendo de início apenas a sinopse principal. Nos meses que se seguiram foram lançadas algumas imagens, algumas muito boas, como as dos Na'vis. Enfim, foi lançado um teaser, que não justificou todo o hype e mistério criado . Algo muito morno, que mostrava um desfecho clichezento. Teve, então, o Avatar Day, onde as pessoas mais importantes no ramo de cinema tiveram acesso a algumas cenas de Avatar. Nada , também, de impressionante demais. Após isso, víamos mais imagens diariamente, um novo trailer - um pouco melhor que o primeiro - e algumas semanas antes do lançamento, uma enxurrada de clipes, que não abriram muito o apetite para o filme. Toda a cultuação criada a partir do filme era apenas justificada pelo obeso orçamento - 300 milhões de dólares tiranto o marketing - e pelo rasoável diretor supervalorizado , James Cameron. Após algumas críticas positivas elogiando o visual do filme e umas poucas negativas ressaltando o fraco roteiro, uma opinião prévia era muito difícil de ter.

Após assistir Avatar da melhor maneira possível, é preciso dizer que todo o hype criado é estranho. O filme de Cameron é comum em suas bases. A história principal - que foi acusada por muitos de plágio, desde a literatura de ficção até uma animação tosca chamada Delgo - é batida demais. Um ex-fuzileiro paraplégico Jake Sully (Sam Worthington) que entra para o programa Avatar - onde sua existencia pode ser transferida para um corpo Na'vi geneticamente modificado- e é enviado para se infiltrar nos nativos e convence-los a se retirar de lá, segundo a vontade do coronel Quaritch(Stephen Lang). Entretanto, como mostrado nos próprios trailers, Jake se apaixona por Pandora e por Neytiri( Zoe Saldana),a filha de seu líder.


Toda essa trama, nos trás referencias óbvias, como Dança com Lobos e até mesmo Pocahontas. Só isso já seria suficiente para ter um certo desprezo pelo filme, já que a trama se executa da mesma forma que todas as outras . Entretanto, várias passagens do filme são tiradas de outras muitas situações batidas de filmes de aventura. A perseguição do Thanator atrás de Jake , desde seu início, é já muito conhecida. O mocinho conhecer a mocinha sendo salvo por ela de um bando de animais ferozes já está carimbado como patrimônio histórico aventuresco.O feito impossível, realizado apenas 5 vezes em toda história ,mas que pode ser realizado pelo mocinho também está. Sem dúvida nenhuma, Avatar é um filme atrasado. É um filme comum da década de 90, cheio de clichês e momentos - chave já conhecidos. Foi planejado por um dos cineastas mais defensores do chavão e clichê, em 1997. Se naquela época o filme já seria engolido de mau jeito, hoje em dia , sua trama principal fica mais intragável ainda.

Tem algumas tiradas mais novas e boas, é verdade , como por exemplo, a trasição de corpo de Jake, que não é definitiva. Enquanto ele dorme em um corpo, está vivo em outro. Há também a boa concepção do ecossistema de Pandora. Ele é um corpo inteiro vivo, mas não alguma metáfora. É algo real , todos os seres vivos são ligados por meio de uma imensa rede de "nervos". Todos os seres vivos podem sentir e se relacionar direta e literalmente com o resto do sistema. Outro ponto positivo são os personagens Na'vi. São seres apaixonantes, e sua concepção do mundo ao redor e sua relação com ele são fantásticas. Essa é parte boa e visionária de James Cameron em ação .

Contudo, no roteiro de diálogos, ele nos decepciona de novo. Os personagens são cheios de frases de efeito, principalmente o vilão de Stephen Lang . Vilão esse, que não tem muito de especial. É o típico vilão que queria ter o mocinho junto com ele para realizar seus planos maléficos, mas como não pode, decide acabar com ele.Outro problema é a preocupação com os personagens. Alguns tem um apreço grande e seu fim é muito bem marcado. Já outros, nem sequer são mencionados depois, mostrando um despredimento um tanto estranho. Enfim, é possivel separar a trama de Avatar em 5 Atos , que já estão colocados no trailer: 1- Chegada de Jake em Pandora, e o reconhecimento dos primeiros personagens. 2- Sua vida nova com seu Avatar, e o reconhecimento de Pandora e seus habitantes nativos. 3 - Seu enlace afetivo com os mesmo. 4- Distanciamento deles. 5- União final iniciada por um evento incrível.

Diante disso, avaliemos a "outra metade" de Avatar . A parte sem defeitos, a parte perfeita e maravilhosa. Os efeitos especiais. Sem ter muito o que discutir, são os melhores efeitos especiais já feitos. Todo o ecossistema de Pandora foi feito com dedicação e competencia enorme. Não parece mesmo CGI. Por vezes nos deparamos com efeitos de mata tão bons, que nos parece mata real, com animais reais. É tudo feito de maneira sublime, sem nenhum erro, é preciso ressaltar. A realidade dos Na'vi, é mais que impressionante. O jeito que se movimentam, sua expressões faciais...Não há erro. Parecem realmente áliens que realmente existem. E isso era muito importante para o filme, já que seu núcleo é muito grande e eles tem tempo de tela imenso, muito maior até do que os atores humanos. O 3D contribui muito para a imersão, e como é um 3D utilizado incessantemente ao longo de toda a exibição, realmente é uma experiencia sensacional, que te introduz de maneira única no universo do filme.


A direção de Cameron, como de costume, é épica. Ele filma tudo como grande acontecimento, e isso não é ruim, sua direção aqui está de fato boa. Principalmete nas cenas de ação. Captura muito bem todos os movimentos. Todavia, Cameron utiliza elementos de direção mais modernos concebidos por cineastas como Zack Snyder e J.J.Abrams. A câmera lenta que se acelera do nada e o zoom em determinados momentos. Tudo isso para tentar atrair a atenção do público para uma possível "modernidade" no filme.

Em atuações, temos de destaque Zoe Saldana. Ela entra no personagem como ninguém, interpreta de maneira impressionante e carrega o filme nas costas em detreminados momentos. As atuações de todos os outros são até boas, mas nada demais.A fotografia de Mauro Fiori faz o que é necessário, nada muito além do normal. No 3D ela fica ainda pior, pois os óculos escurecem o filme. A trilha sonora de James Horner é boa , tem um ritmo épico, assim como o a direção de Cameron pedia . Porém, não há nada de especial demais que justifique um possível futuro Oscar . Mas como já é um compositor consagrado, a Academia deve querer dar mais esse agrado ao filme de Cameron. Isso além do também possível Oscar ou Globo de Ouro para a Canção Original. Outro que seria injustiça. A música "I See You" é fraca e simplória, e tenta fazer o que a música "My Heart Will Go On " fez em Titanic. Aliás, O nome música final de Avatar é uma frase de amor dos protagonistas. E uma frase um pouco forçada, devo dizer.


É fato que muitas pessoas estão avaliando Avatar por aí apenas por seus efeitos explêndidos e sua inovação tecnológica. Para mim, efeitos não compram filme. Efeitos são alegorias e adereços de uma história bem colocada e original. Se um filme se apoia nessas alegorias e tem uma coluna principal mal desenvolvida, ele não tem como atingir nota máxima. Avatar não é um dos melhores filmes de 2009 nem de longe. É um marco para a tecnologia do cinema, para mais a frente, ela ser utilizada de diversas outras formas, muito mais inteligentes e inovadoras. Dessa vez, com Avatar , não foi. James Cameron faz simplesmente mais uma tsunami de clichês, dessa vez com seres azuis e efeitos divinos.








Quero começar dizendo algo que é a completa verdade. Existem dois Avatar: O Filme e a experiência cinematográfica. Aqui, avaliarei o FILME, sem se deixar levar pela emoção de ter acompanhado o bonito universo de Pandora. Avatar pediu por isso, pediu para ser criticado como filme. E é por causa de James Cameron, seu criador, que Avatar explode.

12 anos de jejum. Promessas de revolução e bom cinema. James Cameron ficou esse tempo sem dirigir um único filme para que uma tecnologia mais avançada chegasse para ele poder contar sua ambiciosa história espacial chamada Avatar. Promessa de ficção-científica de qualidade e apurada, com atuações acima da média e, que por Cameron ser oscarizado, iria elevar a ficção a um novo patamar: O dos óbvios prêmios, o que nem 2001 conseguiu.

Depois do anúncio, há cerca de 1 ano, que a Weta Digital, a produtora de efeitos-especiais de Peter Jackson, iria fazer os efeitos do filme, tudo ficou ainda mais passível a ansiedade. Era prometida uma revolução em todos os tipos: em quesito arte e efeito especial. Ao longo do tempo, Cameron começou a revelar detalhes do roteiro. Agora, se sabia que teria um fuzileiro paraplégico em um planeta distante chamado Pandora. Lá, teria uma raça alienígena inteligente. A tal tecnologia que Cameron prometia era uma que representava os Na'Vi, a raça alienígena do filme, como seres humanóides foto-realistas. Isso deixou as expectativas do projeto lá em cima.

Logo, percebeu-se que Cameron queria um blockbuster tão grande quanto Titanic. Por isso, a Fox divulgou o insano orçamento de 230 a 300 milhões. Isso somando ao marketing, que deve elevado essa quantia para 400 milhões ou mais. O investimento era pesado e todos confiavam na mão de Cameron para conduzir seu Avatar para o topo das bilheterias, um novo Titanic. Isso ainda se soma aos prestigiados prêmios que todos esperam que Avatar ganhe. Antes de estrear, Avatar foi indicado a algumas categorias do Globo de Ouro, inclusive para Melhor Filme. Então, dia 17/12/2009, Avatar tem sua pré-estreia, com estreia um dia depois. A crítica adorou o filme, dando para ele notas máximas. Todos apontam agora Avatar como candidato fortíssimo ao Oscar. Todos que glorificaram Titanic, glorificam Avatar, exaltando agora seus efeitos especiais perfeitos, os melhores já feitos.


E, acredito que seja meu dever dizer, que Avatar não é um filme honesto. É um Frankenstein criado pela mídia. É um produto fraco com um forte nome nos créditos.

A trama, que começa com uma agilidade interessante, conta a história de Jake Sully, um fuzileiro naval paraplégico que teve seu irmão morto. Então, ele é enviado a lua Pandora, o destino prévio de seu irmão cientista. Chegando lá, ele encontra uma base humana e alguns vestígios de resistência perante a imposição que os humanos querem instalar no local. Flechas com veneno atingem veículos humanos, por exemplo. Após, Jake recebe uma missão da Doutora Grace Augustine(Sigourney Weaver) e do Coronel Quatrich(Stephen Lang): Se infiltrar nesses tais rebeldes de Pandora, os Na'Vi, e aprender mais sobre eles, descobrir seu ponto fraco. Jake então é apresentado a uma tecnologia que permite ele transportar sua mente para um Avatar, uma réplica perfeita de um Na'Vi. Jake se transforma e logo aporta no lugar, enquanto seu corpo "oficial" dorme na base. Em Pandora, ele logo vê a notável beleza do local e conhece Neytiri(Zoe Saldana). Ele descobre ser o oposto dela, uma guerreira honrada e feroz. Após ser treinado, Jake é aceito pelos Na'Vi. E aí vem os humanos. Eles querem agora pegar o que desejam(um derivado do ouro, valendo muito dinheiro) e Jake terá que escolher em que lado ficará.


Essa sinopse pode parecer spoiler, mas não é. O próprio trailer da produção, incrivelmente mal montado, entregava tudo isso até a batalha final de humanos e Na'Vi. Tudo é pré-entregue, sem poder se surpreender com nada. Resumo: o filme é o trailer com final. Pode parecer exagero, mas não é. Cameron comete o grotesco erro que ele sempre comete: Tenta impressionar com efeitos uma história totalmente previsível. E em Avatar, James Cameron permanece o mesmo cara de sempre, o cara que é mais produtor de efeitos especiais que diretor. Com poucos efeitos ou dinheiro reduzido, quem seria James Cameron?

Avatar impressiona. A direção de James Cameron é a mesma de sempre. Assim como Baz Lurhmann, Cameron é viciado em grandiloquência. Tudo deve ser épico, com a trilha sonora ajudando-o. Seu estilo é regular demais, sem surpreender, com apenas alguns takes interessantes. Mas há algo que incomoda. Cameron copiou Zack Snyder em alguns pontos, colocando Slow Motion com aceleração em certas cenas. E pior: Os ágeis e perfeitos zooms que J.J. Abrams impõe em certos momentos abertos são copiados descaradamente e em excesso, tornando a experiência repetitiva em algumas partes. Cameron vacila e só ganhará Oscar de Diretor se for por seu nome. A edição de Cameron, John Refoua e Stephen E. Rivkin é simples, direta e boa, auxiliando as frenéticas cenas de ação e as de drama carregado.

A fotografia de Mauro Fiore fica devendo, sendo bem abaixo da média. Apesar do 3D impor um clima mais escuro ao filme, Fiore ainda piora as coisas, dando um tom desequilibrado as cores vivas de Pandora. Talvez em Blu-Ray isso melhore a fotografia, mas até lá temos aqui um erro. A Trilha sonora de James Horner é outro ponto a se discutir com profundidade. Premiado compositor, ele já é oscarizado pelo SIMPLESMENTE OK Titanic. Aqui, ele mantém seu estilo da mesma forma que Cameron, colocando músicas emocionantes e interessantes no meio dos belíssimos cenários. No fim, ele coloca outra diva da música pop para berrar e ganhar um careca dourado de Melhor Canção. Mas, não há o que fazer alarde pela trilha, que é completamente normal. Boa, equilibrada e interessante. O famoso feijão-com-arroz.

Já as atuações são o que menos interessa no pacote Avatar, mas vale citá-las. Sam Worthington não extrapola. Como o militar inválido, ele atua como um cara arrogante e cheio de si. Como Jakesully(criativo, não?), seu Avatar, ele atua como o deslumbrado cara que aprende com o povo. Como Kevin Costner em Dança com Lobos e Sharlto Copley em Distrito 9. Sam manda bem, mas precisará atuar em um roteiro melhor para provar seu talento. Sigourney Weaver também conduz um personagem entupido de clichês, mas coloca sua competência habitual no papel. Nada para xingar, mas nada para glorificar. Já Stephen Lang, o Coronel Quatrich, irrita. Alguns críticos INEXPLICAVELMENTE glorificaram sua atuação e disseram que era um dos melhores vilões atuais. Caricato, fraco, inexpressivo e mal construído, Quatrich é só um militar valentão com 100 frases de efeito prontas e que parece ter uma maçã no lugar do cérebro. Quatrich é o típico vilão durão. Péssimo. Mas, há Zoe Saldana. E digo, com certeza, que ela carrega as atuações nas costas. Emocionante, competente, envolvente. Zoe atua de uma forma incrível, ofuscando até mesmo o cenário de Pandora quando está em cena. Sua densidade dramática é notável e, declaro com segurança, que ela merece o Oscar de Melhor Atriz esse ano. Brilhante.


Mas, desde o início, o que importava eram os efeitos. E tudo está justificado. Pandora respira, tem vida própria, cada planta do lugar aparece com um realismo incrível na tela. A beleza visual que Avatar transmite é tocante e de uma competência maravilhosa. Pontos múltiplos para Weta Digital, que criou cenários prefeitos, animais coesos e lindos e um céu fabuloso. Além disso, tem os Na'vi e os Avatares. Criados pixel por pixel, eles tem poros, tem um nariz perfeito e uma pele incrivelmente foto-realista. James Cameron acertou em cheio em esperar tanto tempo para que os efeitos melhorassem a esse ponto. Em Avatar, a Weta cria os MELHORES efeitos especiais da história do cinema, fato. Quando mosquitos pairam na tela, quando árvores aparecem e as plantas magníficas batem na tela, sobe uma emoção do peito incrível. Bonito ao extremo. Peter Jackson faz milagre, como em Distrito 9. Mas, um filme não é só efeitos.

O roteiro de Avatar é o responsável por seu náufrago. Uma sucessão de clichês nunca vista. James Cameron criou há 12 anos um produto... noventista. Sabe a época que efeito especial importava, não roteiro? Avatar é daquela época, sem dúvida. A trama inicial já parece batida para uma pessoa com senso crítico, mas aqui a coisa piora. Homem convencido conhece povo novo e que preza a natureza. Lá, ele descobre mais sobre a vida, seu elo espiritual com as divindades e se apaixona por uma das nativas, como de praxe. No final, há a batalha final entre seu antigo povo e seu novo povo. E ele, para variar, terá que escolher seu lado. Previsível, poderia ser no mínimo legal se não fosse coberto por diálogos clichês. Quando algum personagem entra na cena, ele recita uma sessão de falas já vistas no cinema. Fora o vício de blockbuster em explicar a cena. Um avião explode, alguém deve gritar: O Avião explodiu! Uma pessoa se fere, alguém grita: Meu Deus, você está ferida! E é com essas interações que o filme vai passando. Além disso, a construção de personagens é precária. Jake Sully é o militar que mudará seu caráter. Neytiri é a nativa que mudará Jake e o fará se apaixonar. Grace Augustine é a cientista que quer salvar o local pois se identificou com ele. Parker(Giovanni Ribisi, caricato) é o cientista mau e ganancioso. E, o pior deles, Coronel Quatrich é o milico arrogante, cheio de si e completamente mau.


Juntando todo esse bolo, constata-se que Avatar decepciona. Efeito especial brilhante nenhum compensa um roteiro mal escrito. Alega-se que, apesar dos clichês, Avatar faz nos apegarmos aos personagens com um elo sentimental grande. Mas, da mesma forma que Cameron cria uma tocante relação de Neytiri com os Na'vi, ele banaliza a morte de alguns personagens. Quando um deles morre, com o avião explodido, Cameron apenas mostra o fato por poucos segundos, mostrando que "aquele não era importante". A elogiada política anti-belicista e á favor da natureza é simples demais, pouco explorada e já experimentada antes. É apenas uma lição mais do mesmo, considerando-se que Wall-E já trabalhou com ela antes e tratando todos com inteligência.

Apesar dessas contradições que Cameron impõe, de seu roteiro falho, o filme não é péssimo. É apenas um produto bom e com efeitos soberbos. Todos esperavam demais desse filme e todos que gostam do bom cinema irão ficar revoltados com esses erros. Impossível dar nota máxima para um filme com esse roteiro. O apego com os personagens, os que Cameron QUER que fiquemos apegados, é bonito demais. Neytiri é densa e perfeita, auxiliada pela soberba interpretação de Zoe Saldana. Os Na'vi também. Mas os personagens humanos que Cameron arquetipisa quase anulam o bom desenvolvimento dos Na'Vi.


Com Avatar, Cameron apenas provou que com o tempo, ele não aprendeu nada. Continua o mesmo cara: Um visionário fanático por efeitos que os coloca em historinhas bobas e mal-executadas. Foi assim em True Lies, foi assim em Titanic e é assim em Avatar. E ele nunca mudará, pois todos os prêmios o contemplam de forma quase endeusadora. Chamado de Rei do Mundo, Cameron nada mais é que O Mágico dos Efeitos. Michael Bay e Roland Emmerich são criticados por isso e são quase chamados de Ed Wood. A diferença deles pra Cameron fica evidente em Terminator 2. Ele conta uma história clichê, de forma vagabunda e se assumindo tosco. Assim, o filme engrena. Ele é o diretor de blockbuster que mais sabe trabalhar com efeitos especiais, mas é pouco pra Oscar. Só porque Cameron faz efeitos perfeitos e cria uma revolução tecnológica ele não pode ser tratado de forma tão glorificada. Que o Oscar não contemple esse típico cineasta que usa efeitos como muletas. Só por ele ser criativo em criar não significa que seja competente desenvolvendo. Cameron é excelente em blockbusters que se assumem descartáveis produtos de diversão, como Terminator 2. Se Avatar fosse assim, sua nota seria próxima da máxima, como em T2. Mas, Avatar escolhe seguir o caminho de Titanic: O que se leva á sério. Sendo assim, ele emperra. Se Avatar 2 for feito, se ASSUMINDO como uma aventura de sci-fi, serei o primeiro a aplaudir.

No geral, Avatar é uma revolução para a História do Cinema. É um ótimo ponto de partida para que histórias REALMENTE boas sejam escritas em cima dessa tecnologia soberba de efeitos especiais. Mas em quesitos de roteiro, é só mais um filme com clichês.


E por isso repito, sem dúvida, que existem dois Avatar: O filme e a experiência cinematográfica.


Como experiência cinematográfica, é algo de outro mundo, uma das coisas mais belas já feitas. Um universo extremamente atraente e lindo, de se emocionar. Como filme, basta ler essa crítica para saber. Veja as 3 Estrelas que dei para saber que é com pesar que digo que o mais belo Universo criado num filme foi mal aproveitado.

Mas há o que reconhecer nessa nova forma de cinema vista em Avatar. O crítico pode escolher entre ter um blockbuster com uma imersão em novo mundo, o que seria perfeito, ou assistí-lo como um filme mesmo, avaliando friamente. Eu escolhi esse último e acho que a crítica em geral deveria fazer isso.


Os fantásticos e simpaticíssimos Na'vi mereciam um cineasta melhor para contar sua história nos cinemas.








O que dizer sobre o filme mais comentado do ano ? O que dizer que ainda não foi dito por quase toda a blogsfera, mais sites, tv’s, revistas e jornais ?

Como se diferenciar entre os milhares de textos escritos sobre o filme espalhados por ai ?
Essa foi minha tarefa, “semelhante” a que James Cameron teve, aos tentar reciclar todos os clichês mitológicos e entregar uma obra que contivesse alguma fagulha de originalidade e com o carisma suficiente para no mínimo igualar sua obra anterior, o festival de sacarose chamado Titanic.

James Cameron levou 12 longos anos para desenvolver sua magia. Doze anos de árduo treinamento e desenvolvimento técnico , estético e criativo. As más línguas dizem, que ele “esqueceu” dessa última parte e só ficou realmente empolgado com as imagens e com seu mundo fantástico.


É muito fácil espinafrar JC, é muito fácil e óbvio dizer que o roteiro desenvolvido (e escrito) pelo diretor é um retalho de clichês míticos amarrados com uma linha bem fininha que por vezes quase se rompe.


É mais difícil admitir que era isso que o diretor queria. É mais difícil tentar entender que JC apenas quis criar o seu Star Wars (referência pinçada do review do Fabio, lá no blog Dr. Frame).

James Cameron não quis inventar nada, não quis desenvolver um conceito complexo, criar um Cult. Ele quis apenas nos divertir e nos “jogar” sem auxílio no inacreditável mundo de Pandora.


Tudo já foi dito sobre o inacreditável visual conseguido pelo diretor em seu esforço titânico no desenvolvimento das imagens digitais. Todos, até mesmo os que não viram o filme ainda, sabem de cor e salteado que os Na’Vi são perfeitos em suas construções visuais, que Zoe Saldana faz um magnífico trabalho na construção de sua personagem, que Sam Worthington tem o carisma necessário para manter seu Jake como o herói de uma produção com esse gigantesco porte e que o vilão construído por Stephen Lang é tão caricato quanto foi a interpretação de Brad Pitt em Bastardos Inglórios (o que não é demérito, já que pra mim, as duas construções funcionam muito bem para seus objetivos).

Mais acho que poucos atentaram para alguns pontos que realmente fizeram o filme já ter arrecado mais de US$ 1.000.000.000 mundo afora. Avatar é recheado das emoções básicas que sempre emocionaram o ser humano desde sempre. Avatar é um clichê ambulante, e isso não é demérito, pois é muito difícil você saber utilizar os clichês de uma forma a conseguir genuínas reações emocionais no público.


Avatar pede para ser avaliado com o coração, com as emoções e não com a nossa massa cinzenta. Analisar Avatar como se analisa um filme de Tarantino (só pra citar alguém que não usa os tais efeitos emocionais para falar com seu público) é um crime a intenção do diretor. Avatar é uma fábula, passada num mundo fantástico e ponto. Cameron não exige mais nada da platéia, apenas a credibilidade em seu mundo "dos sonhos".

É claro que o filme não é perfeito. Cameron tem um problema crônico para escrever diálogos que não pareçam medíocres. É incrível que um diretor oscarizado e com no mínimo dois grandes clássicos na carreira ainda não tenha “aprendido” a redigir falas que não pareçam tão amadoras.


James Cameron é um diretor que sempre vai realizar o mesmo tipo de produção, o que é uma faca de dois gumes. Por um lado, a direção de Cameron continua impressionante, em especial nas sequencias de ação. Por outro, ele continua com problemas quando as ações dramáticas são o foco. Ele, assim como George Lucas, tem problemas visíveis na direção de atores, embora Zoe Saldana (como já citei acima) entregue uma excelente interpretação e Sam Worthington não comprometa. Os demais, apenas “passam” pela tela, e suas eventuais importâncias vão sendo minadas por esses defeitos do diretor.


Mas é impossível não se ater sobre o cerne do filme, que é a magnífica parte técnica de Avatar, e é chover no molhado destacar o visual impactante e REALMENTE imersivo obtido pela produção da produção. A floresta tem vida, os animais respingam suor, e os poros dos Na’Vi estão lá. Tudo absolutamente impressionante. Faz tudo o que foi feito antes no campo dos efeitos visuais digitais cair por terra. King Kong parece um stop motion, Beowulf é uma marionete fajuta e o Gollum é um boneco de papelão perto da qualidade conseguida.

Outro aspecto técnico bastante positivo é a fotografia de Mauro Fiori, que acerta na utilização do tom naturalista para retratar o mundo fantástico de Cameron. A direção de arte liderada por Todd Cherniawsky, Kevin Ishioka e Kim Sinclair é esplendorosa, inspirada pela realidade de um mundo intocado e pela violência asséptica e cinzenta do homem moderno; é um trabalho digno de figurar nas premiações do ano.


O ponto mais negativo é a trilha de James Horner que limita-se a atuar no background, e excetuando-se a cena do culto na árvore sagrada, já na parte final do filme, sua trilha mal é notada, quanto mais lembrada.

Para encerrar, peço que o leitor faça um exercício. Vá ao cinema sem esperar nada. Não espere ver a roda sendo criada na frente dos seus olhos, ou a maior aventura da história da sétima arte. Vá com a mesma sensação que você encara uma sessão de um filme que gosta, que se diverte, e que torce para que o mocinho acabe com a raça do vilão.


Uma bela e inspirada aventura escapista... e nada mais.

7 comentários:

  1. Antes de falarem do tema batido e que já aconteceu diversas vezes, considerem que nenhum tema novo existe na verdade, mas é a forma como eles são absorvidos e entendidos que diferenciam seu uso - bem como a instância em que eles são colocados.
    Ou, escolham entre os que vêem Star Wars apenas como um marco dos efeitos especiais e os que preferem das vazão ao fato de george Lucas ter inserido em sua trama extremamente superficial, simples, batida e clichê todos os nossos mitos básicos.
    Cameron fez o mesmo aqui. O problema é que esses mitos estão tão enraizados e já foram tão utilizados - muitas vezes de forma superficial e sem embasamento - que aqui, para muitos, é mera repetição sem novidade. Uma pena que passe apenas esta visão. Então da próxima vez Cameron terá que tentar fazer algo artístico para ser considerado um cineasta quando a vazão principal dessa arte é tanto a de fazer pensar quanto a de entreter.
    É o filme do ano e um dos filmes da década, disparado, para quem conseguir enxergar acima da superfície da "história batida"
    PS: Não vi o filme em 3D nem IMAX, portanto falo do conjunto da história e da recriação de mitos básicos, mais do que dos efeitos, como já fiz lá no blog mesmo.
    Abraço

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  2. É Fábio, eu vi o filme da mesma forma que vc... e tentei descrever essa sensação como no trecho:
    "Avatar é recheado das emoções básicas que sempre emocionaram o ser humano desde sempre. Avatar é um clichê ambulante, e isso não é demérito, pois é muito difícil você saber utilizar os clichês de uma forma a conseguir genuínas reações emocionais no público".

    Pra mim, e pra vc e pra várias pessoas funcionou dessa forma, apesar de não o ter considerado tão impactante quanto a trilogia de Lucas.

    Aqui no blog fui minoria rsrs, Gabriel e Joaquim não curtiram.

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  3. Não tenho muito o que falar, somente que concordo mais com a opinião do Alexandre! Para mim AVATAR foi perfeito: Elenco, diretor, enredo, produção! O Filme de 2009!

    Mas ok!

    Abraço

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  4. Avatar é bom em seus efeitos especiais e a paciência da produção do longa. Tudo é contado com calma, rico em detalhes, que nos faz querer viver no mundo dos Navi. A história é como você disse: grande clichê, mas a forma que foi tratada acabou que de certa forma "maquiando" fazendo com que muitos nem percebam o enredo batido varias vezes em outros filmes.

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  5. Sinceramente, ainda que não tenha um roteiro inovador no contexto dos conflitos, premissa e objetivo - este filme me cativou. Sinceramente, acho um dos mais expressivos e incriveis dos últimos 5 anos. Sinceramente, fui contagiado sim pela direção bem cuidada e eficiente do James Cameron.

    Sinceramente? Discordo de vocês, concebo nota 9,0 ao filme.

    Mas, obviamente, é minha opinião.

    Abraço, sumidos!

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  6. Gente, eu gostei do Avatar, melhor que o Sherlock Holmes. Curti sim. Mas acho que o Cameron quis se levar a sério, fazer que nem Titanic, não interpretei como o Alexandre. Se o cara tivesse feito o Avatar com o espírito do Terminator 2, meu Deus, ia ser um filmaço. Mas não achei.

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  7. Avatar é um bom filme, mas o clichê não é excrachado no estilo "sátira", como os filmes da série Terminator(1 e 2) ou de Adrenalina.Ele se leva a sério como um filme normal, e se foca no visual. Faltou só essa parte de "não se levar a sério" pra gente gostar do filme. Mas ele não se manca, se leva a sério normalmente, então...

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