domingo, 15 de novembro de 2009


Guerra do Fogo ( La Guerre du Feu, 1981)

Direção: Jean-Jacques Annaud

Com: Everett McGill, Ron Perlman, Nicholas Kadi, Rae Dawn Chong


Jean-Jacques Annaud constrói o painel da pré-história mais bem formado da história do cinema.



A história se inicia com uma tribo de homens pré-históricos perdendo o fogo graças ao ataque de uma tribo rival e começa a ganhar “gás” com a adição de uma mulher salva que era mantida em cativeiro por outra tribo, essa por sua vez uma detentora do fogo. As diferenças entre os costumes e tradições das espécies, ficam claros até nas menores sutilezas, como uma risada. Para uns um gesto normal, para outros a perplexidade quanto ao som emitido.


O conceito de início dos tempos, brilhantemente explorado em 2001 é retomado. Saem os macacos entram os homens de Neandertal. É a exploração do mais remoto dos passados do homem, a leitura mais apurada pela ciência do que aconteceu a milhões de anos atrás.


O fogo simboliza a evolução e quem o tivesse tinha a possibilidade de evoluir e manter viva sua prole e tribo.


A forma como a história é conduzida expõe a evolução humana de forma inteligente e perspicaz. No mesmo filme vemos os Neandertais, os Cro-Magnons e os primeiros Homo Sapiens, tudo isso encaixado (se estiver errado, professores de história me corrijam) no espaço em que as três espécies conviveram.


É interessante notar como a história ainda tem espaço , embora se foque na jornada dos três “homens das cavernas”, para doses de humor ( a cena em que a curandeira cura o machucado na “área de lazer” de um deles é impagável) e de sensualidade. Sim sensualidade. Annaud foi muito corajoso ao não esquecer desse aspecto inerente ao ser humano e a todos os seus antepassados (hoje sabe-se por exemplos que os chimpanzés fazem sexo por prazer e não apenas para a procriação).


Fotografia naturalista, abordando a paisagem e dando espaço as interpretações, que devem ter sido bastante complicadas, já que interpretar sem o domínio de uma língua é uma coisa complexa. Apesar da ausência de uma linguagem compreensível o filme é tão bem “ajeitado” que as imagens e o sons conseguem transmitir até as menores emoções e sensações que a película pretende passar.


O filme praticamente não tem falas (mesmo que ininteligíveis) e é um espetáculo de som e imagem. Todas as sensações tanto dos personagens, e mesmo o desenvolvimento do roteiro precisou ser criado sem o auxílio do diálogo. Não existe nenhuma fala durante o filme todo. As diferentes linguagens incompreensíveis que as espécies falam são cortesia deAnthony Burgess o mesmo de Laranja Mecânica. Fico imaginando o enorme trabalho de composição de personagens que essa turma teve.


Os efeitos de maquiagem e efeitos visuais são competentes e até impactantes para a época, e devem ser compreendidos como tal.


Uma cena se destaca ao unir de forma perfeita a dose de ação, dramaticidade e essa citada técnica. Sem CG (como o péssimo 10.000 A.C. tinha de sobra) a manada de mamutes e os homens pré-históricos tem um contato sensível e muito bem realizado. Essa cena demonstra toda a reverência que o homem tinha para com a terra e seus habitantes.


Essa é a síntese de tudo que belamente Jean-Jacques Annaud preparou na seqüência de seu filme, uma perfeita viagem ao passado e a descoberta da essência do ser humano.


 

4 comentários:

  1. Eu vi esse filme na escola! hahaha

    Me sinto muito velho por isso!

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  2. Assisti na faculdade e já usei muito em sala de aula.

    Realmente, me senti celha agora (kkkk)

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  3. Também assisti na faculdade!!!
    e ainda tivemos que desenvolver dois seminários a partir dele, pode?
    abraço e bom post este!

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