quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Garota Infernal
(Jennifer's Body, 2009)
Terror/Comédia - 102 min.

Direção: Karyn Kusama
Roteiro: Diablo Cody

Com: Megan Fox, Amanda Seyfried


Com o Oscar de 2008 pelo seu roteiro de Juno, Diablo Cody ganhou credibilidade suficiente pra qualquer trabalho. Ainda mais com os 230 milhões de dólares que Juno fez no mundo inteiro, tornando-o um sucesso crítico e comercial. Assim, qualquer estúdio pagaria milhões por qualquer coisa saída da criativa mente de Cody. Então, a Fox Atomic, divisão de terror, da Fox, comprou o roteiro de Jennifer's Body e contratou estrelas como Megan Fox e Amanda Seyfried para os papéis principais e chamou Jason Reitman, diretor de Juno, para produzir. Juntando-se a elas e Jason, a diretora Karyn Kusama(do ruim Aeon Flux) entrou para fazer o melhor que podia.


Com orçamento de 16 milhões, o filme prometia bastante, devido a uma grande propaganda pela internet. Mas, como era um filme rated R, era esperado que apenas os fãs de Megan Fox e do filme Juno iriam ver o terror. Mas isso não aconteceu, com o filme apenas pagando seu modesto orçamento no mundo todo. Apesar de tudo, o filme é interessante e um bom exercício de entretenimento.


A trama conta a vida de Jennifer Check(Megan Fox), líder de torcida do time do Devil's Kettle. Ela é a garota popular do colégio e é melhor amiga de Needy(Amanda Seyfried), uma nerd meio isolada. Muitos no colégio nem entendem como Jennifer pôde dar bola para alguém como Needy. Mas, ao longo da história, percebe-se que há uma antiga amizade ali, sustentada desde os tempos de jardim de infância. Devidamente apresentados, os personagens começam a entrar na trama central do filme. Quando uma banda de rock vai se apresentar na cidade, as duas amigas vão ao show, mas um incêndio lá ocorre. Então, no meio das chamas, a banda chama Jennifer para entrar em seu trailer. Mais tarde, Jennifer vai na casa de Needy e começa a parecer algo demoníaco, que assassina os garotos de seu colégio.


No geral, a trama é razoável, batida. Em muitos momentos, ela é até previsível. Mas é nos diálogos, nas interações dos personagens, que a trama ganha força. Com discursos pops, várias referências a bandas conhecidas e até mesmo á Wikipedia, o roteiro se demonstra ser divertido e até verossímeis. É justamente nesses momentos que a Diablo Cody autoral aparece e demonstra toda sua criatividade. Mas a própria premissa condiz com uma Cody mais comercial, apenas um vício de quem acabou de se tornar importante. Normal, se depois for corrigido.


As atuações do filme são extremamente no padrão. Megan Fox continua atuando como recém-profissional, mas de luxo. Nos momentos em que é exigida a comédia de sua personagem, ela dá muito bem a conta, mas sua competência não é muita coisa desde Transformers.


Amanda Seyfried é o destaque do elenco, atuando acima do padrão, se demonstrando uma atriz promissora. Quando ela divide cenas com Megan, o talento dela simplesmente está em outro patamar, não há o que comparar. Devido a falta de profundidade de seu personagem, Amanda não pôde mostrar todo seu talento, mas já mostra ao que veio. Outro que também interpreta acima da média é Johnny Simmons, que faz Chip, namorado de Needy. Seu personagem já é cool por si só e ele só faz isso melhorar, criando alguém tão agradável e divertido quanto Needy. Mas, dentre todos do elenco, a maior transformação é de Adam Brody, como o vocalista da banda Nikolai. Ele, antes limitadíssimo ator de O.C e que fez um papel mísero em Sr. e Sra. Smith e Obrigado por Fumar, cresce em talento de forma primorosa. Ele some no papel, um cara gótico, mal pra cacete e engraçado por seu sadismo. Aliás, suas passagens são de um humor negro muito legal, como pouco visto em filmes comerciais.

Tecnicamente, o filme se limita a fazer o normal. A direção de Kusama, que foi bem irregular e descompassada em Aeon Flux, é competente e cresce mais ainda em ambientes abertos. Esse é um bom exemplo de um profissional que ouviu as críticas e resolveu se aprimorar. Em Aeon, as cenas capturadas em ambientes abertos são simplesmente horríveis, com a câmera até perdendo alguns momentos da ação. Aqui, ela utiliza bem a grua e monta um bom trabalho. Que Kusama faça mais um filme de ação, para confirmar seu aprendizado. A direção de fotografia de M. David Mullen é normal, deixando bem claro que aquilo é o interior e algo está acontecendo de sombrio. Nada demais. A edição de Plummy Tucker é rápida e dá um ritmo tenso ou parado quando pedido, sem muitos truques especiais ou que destaquem-a. Mas a trilha sonora de Theodore Shapiro se sobressai, acrescento músicas modernas e colocando a moda pop-rock em evidência. Tratando-se se de um filme colegial, nada mais certo e interessante, demonstrando uma pesquisa minimamente depurada em relação a gosto musical juvenil. E quando é exigida uma trilha composta, Shapiro também faz um bom trabalho, criando melodias muito boas.


Há também um outro trunfo no roteiro de Cody: os personagens. Ela até pode esteriotipar alguns deles: Tem a popular, a nerd, o emo, o nerd que não é looser, tem o valentão, tem o looser e por assim vai. Mas quando se conhece mais dos personagens, suas personalidades se demonstram mais que comuns. São clichês, mas clichês reais, da vida real.


Apesar do filme ser tecnicamente positivo, não é irretocável. Nem um pouco. O filme coleciona erros, que começam da premissa até as situações que Cody cria. Acredito que o lado comédia do filme se sobressai justamente por Cody ser boa escritora de diálogos. Quando lhe cabem situações mais sombrias, seu roteiro simplesmente não funciona. Apesar das partes de terror não funcionarem, a boa química dos atores faz com que tudo passe indolor.


Um filme divertido, que não funciona como terror e, sobretudo, engraçado. Mas muito pouco para uma escritora como Cody. Muitos fãs dos Sexta-Feira 13s e Almas Perdidas da vida vão gostar do filme. Os fãs jovens que apreciaram Juno também vão. Mas os cinéfilos, esses que glorificaram Juno, não se contentaram com esse passatempo escrito por uma Oscar Winner.

TRAILER:


7 comentários:

  1. esse filme só valeria a pena se tivesse a Megan Fox peladona, mas nem isso tem.

    5,5 é muito!

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  2. Bruno, talvez numa versão director's cut rsrsrs

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  3. Não sei por quê esperava mais desse filme... Mas, quero ver por causa da elogiada atuação da Amanda Seyfried.

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  4. Já eu gostei do filme, e é exatamente destaque acima da atuações etc. O roteiro de Cody que tem diálogos inteligentes e como aqui dito tem referências as situações reais. Achei super divertido o filme, não é porque um grande diretor ou escritor que fez certo filme que os próximos tem que ser do mesmo jeito. Esse diferentemente de JUNO, é um entretenimento somente, que considero que funciona ao gênero humor negro!

    Bem destacado o Chip (Johnny Simmons) deixou o personagem ainda mais divertido e Amanda Seyfried foi destaque mesmo!

    E Bruno, concordo em parte com você, teve algumas cenas dela meio nua, pelo menos isso,rss.

    ABRAÇO AOS FOTOGRAMAS!

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  5. É isso aí, a Megan não aparece. Mas convenhamos que a Amanda Seyfried é melhor hahahaha

    Gente, se quiserem um entretenimento mais simples e tal vai ver com fé, o filme é um dos mais divertidos do ano. É cinema-pipoca sem ação, com roteiro depurado e engraçado. Vão que gostarão. Mas não espere um Up hahahahaha

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  6. Não assisti ao filme, mas me parece que tu fizeste uma boa análise dele.

    Tenho a impressão de que "Garota Infernal" é um filme que foi feito com o intuito de apenas vender a beleza da nova musa estado-unidense.

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  7. Nossa, tenho muita vontade de ver esse filme. sou um daqueles que amaram Juno e tenho contade de ver Amanda em um papel diferente de Mamma Mia!.

    Boa resenha, me deixou com mais vontade de vê-lo destacando um roteiro interessante.

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