Pandorum
(Pandorum, 2009)Ficção Científica - 108 min.
Direção: Christian Alvart
Roteiro: Travis Milloy
Com: Ben Foster, Dennis Quaid
A ficção cientifica Pandorum estreou sem alarde nos Estados Unidos, e com menor alarde ainda por aqui. Não deixa de ter razão o público que meio que boicotou um filme que tinha uma boa premissa, mas uma realização mediana.
Pandorum não ofende ninguém, mas não passa disso. Uma diversão descompromissada que começa muito bem ecoando Alien e Enigma do Horizonte com toques de horror psicológico e que cai no conto do “final surpresa nos últimos cinco minutos” que não é tão no fim assim, mas que de qualquer maneira é absurdo.
O filme conta a história de Bower (Ben Foster), um cabo do grupo de vôo (responsáveis por pilotar a nave) que acorda de seu sono para se ver sozinho em seu dormitório. Tudo parece ter se quebrado e não se vê viva alma no compartimento. Para melhorar a situação, ele ainda sofre de amnésia e mal se lembra do próprio nome. Não sabe qual sua missão, não sabe em que ano está, e nem sabe onde está sua mulher. Uma bela idéia não?
Ela mantém-se fresca quando o personagem Payton (Dennis Quaid) surge na tela. Mais uma vitima de amnésia o personagem do tenente Payton é alguém com quem o espectador se identifica e torce para que os caras consigam decifrar o mistério e saírem dessa situação.
Bower então parte em busca das respostas e no meio do caminho encontra uma horda de mutantes bizarros, que caçam e comem os pobres humanos perdidos. O caldo começa a desandar ali. Mutantes no espaço caçando humanos numa história que ainda tenta ser um (mais um) alerta sobre a situação do planeta. É muita informação para pouco filme.
O diretor Christian Alvart até tenta criar tensão, e em alguns momentos até consegue. Porém quando ele dispensa a pura tensão e a caçada entre humanos e mutantes bizarros e apela para a tentativa (infeliz) de resolver um mistério, que tem uma resolução fraca e copiada de Planeta dos Macacos (no clima, não eles não estão na terra, e não temos ninguém de tanga), escorrega feio. A explicação para os mutantes estarem na nave é medíocre e não convence nem uma criança de 5 anos de idade.
A fotografia tenta seguir a cartilha de como fazer um filme no espaço misturando sci-fi com terror. Ela não compromete, mas também não apresenta nada de novo. Os efeitos visuais e de maquiagem são interessantes e bem feitos, mas novamente pecam pela falta de ousadia. Os mutantes parecem orcs saídos diretamente de Mordor e os efeitos visuais da nave são os mesmos que fizeram outros títulos do gênero se saírem bem. Em suma, faltou ousadia visual.
No meio do caminho ele apresenta alguns coadjuvantes meramente dispensáveis. O japonês-samoano que não fala inglês, é agricultor, mas também é mestre (olha o clichê) em artes marciais. O cara magrelo e estranho que de alívio cômico passa a vilão bizarro é fraco e dispensável, e é claro que temos a mulher gostosa e bad ass (tenente Ripley fazendo escola) que evidentemente termina com o mocinho.
Ben Foster por sua vez teve um ano bastante agitado, mas definitivamente para vê-lo em forma assista ao bom O Mensageiro. Nesse aqui ele cumpre o seu papel. É o líder que não quer ser, um cara que por algum motivo sabe o que fazer e como fazer e em que horas agir, é inteligente e ainda é impulsivo
Quaid continua fazendo o mesmo papel, apesar de nesse ter variado um pouco. Sem contar as surpresas do filme (mesmo sendo ruins, são surpresas) o ator apresenta um personagem que por 80% do tempo é mais um típico personagem Quaid. Depois algo acontece. Algo de mal gosto, que não convence e que se mostra absurdo mesmo no contexto da trama.
Pandorum funciona como diversão passageira, uma volta “ok” numa montanha russa de tamanho médio. Você gosta no começo, mas quando as quedas começam a se suceder percebe que o brinquedo não é tão alto, os sustos não são tão grandes, mas, como já pagou o ingresso e está lá, aproveita a volta.
O problema é que quando sai do brinquedo nem se lembra dos motivos que o fizeram entrar.
Mediano ainda é elogio para essa bomba. Uma boa idéia - a amnésia temporária - desperdiçada com uma colcha de clichês. Outras boas idéias, como a relacionada ao personagem do Quaid, não salva um filme que jogou na latrina todo o potencial que tinha no argumento. Ser roteirista hoje e ganhar uma nota pra escrever coisas como essas deve ser o emprego mais fácil do mundo.
ResponderExcluirPena ver o Ben Forster jogado no meio disso aqui, o cara é muito bom ator.
Eu só não dei uma nota menor, porque minha expectativa pra ele era nenhuma, e porque até a hora que acontece a explicação pros monstros até tava achando o filme divertido. Mas o cara quis explicar tudo e explicou errado. A idéia era muito legal mesmo.
ResponderExcluirNão assisti ao filme, mas parece ser como 90% do cinema atual (pelo menos a sua parte mais divulgada): uma diversão barata e estúpida.
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