quarta-feira, 31 de março de 2010


“Montage”


Nas primeiras postagens do FotoMusic Score, eu tive a intenção de explicar alguns conceitos básicos sobre Música. Comecei falando, mesmo que resumidamente, sobre a música erudita e a popular. Também ressaltei a diferença entre a música pura e funcional, e ainda levantei uma pequena discussão sobre a repercussão que a música do Cinema teve em seu nascimento, se ela foi ou não um rebaixamento da música, tão explorada desde o início da humanidade.

Uma pergunta simples, porém interessante é: “O que é Música para você?”. Muitos não entendem a intenção desta, e respondem que música é aquele cantor famoso, ou aquela banda revelação do momento, ou tal estilo que é “tudo de bom”. Mas não é exatamente isso que estou procurando saber. Quando faço esta pergunta, me refiro a uma visão mais ampla, procuro sempre saber qual a opinião que a pessoa tem sobre a música como um todo.

O que é a Música (como um todo) pra você?

Esta é uma pergunta que eu sempre faço para os meus alunos, logo na primeira aula. Curiosamente, cada pessoa tem seu ponto de vista, e todos respondem de uma forma totalmente diferente. Nenhuma resposta é necessariamente errada, e embora pareça ser difícil de responder, todos têm uma “versão” totalmente sensata, de acordo com a experiência que cada um teve ao se familiarizar com esta linguagem mundial.

O fato é que definir toda a música em uma única resposta é algo muito difícil de fazer. Ao longo de toda a história do homem, muitos se perguntaram isso e cada um conseguiu ter sua própria opinião, tendo em vista seu aprendizado e sua experiência.

Mas independente da opinião que as pessoas têm sobre o que afinal é a Música, várias pesquisas e experimentações foram feitas para enfim sabermos qual o significado da música para o cinema. Por que música no cinema? Parece ser outra pergunta óbvia, mas se pensarmos poderá ter uma resposta mais profunda do que “porque é legal” ou “para poder acompanhar a cena”. No cinema, desde o seu surgimento com os irmãos Lumière, até os dias de hoje, descobrimos alguns detalhes importantes para o funcionamento da música para o cinema. E é basicamente sobre isso que vou escrever hoje.


Como já discutido em outras postagens, a trilha sonora é composta de três elementos: Voz, Ruído e Música. Prefiro escrever nesta ordem, para funcionar como uma hierarquia para a mixagem, na pós-produção dos filmes. Em outras postagens vou comentar sobre ruídos e também sobre as vozes. Mas hoje, assim como faço desde o começo, vou falar sobre o terceiro elemento que compõe toda a parte sensorial dos nossos filmes favoritos.

Desde o seu surgimento, o cinema tem a música para ajudar, de uma forma cada vez mais específica, a fazer uma narrativa cada vez mais completa. E um conhecido recurso muito útil em certas passagens dos filmes é a “Montage”.

A música é extremamente usada no cinema quando precisamos narrar uma grande passagem de tempo. Quando um personagem faz uma longa viagem dentro de algum transporte, horas e horas podem passar em segundos, com um passar de cenas adequado e acompanhado de música. Um grande exemplo disso é a cena de “Anjos e Demônios”, quando o Professor Langdon (Tom Hanks), voa para o Vaticano “em poucos segundos”.


Existem várias “Montage” que posso selecionar sendo este outro um exemplo muito conhecido:


Lembrando também o grande vencedor do Oscar de Trilha Sonora de 2010, “Up – Altas Aventuras”, na Montage de Carl e Ellie:


Todos estes exemplos têm coisas em comum: Facilitar passagens de tempo ou mudanças de localização. No exemplo de Rocky e de Up, temos certa passagem de tempo, sendo alguns meses de treinamento, ou uma vida inteira juntos. A “montage” melhora a continuidade de transições, e a música nos ajuda a perceber como o tempo vai passando, com o decorrer das cenas.

Já no caso de “Anjos e Demônios” e também em “Supremacia Bourne”, podemos reparar que a “montage” não narrou uma grande passagem de tempo, mas sim uma grande distância. Nestes dois filmes podemos observar uma “montage” com cenas e música para designar uma viagem internacional.


Ou seja, mesmo sendo meses de treinamento, anos, ou apenas algumas horas de viagem, podemos transformar tudo em segundos, sem que o momento perca seu sentido e de acordo com a liberdade da narrativa do cinema. Ele, com a ajuda da música, nos permite também enfatizar o principal conteúdo emocional da cena, como podemos observar a partir dos 3:00 do vídeo que selecionei de “UP”


Estas são apenas algumas das funções da Música no Cinema. Existem também outros aspectos que ainda não mencionei, e como disse no começo do post, futuramente pretendo comentar mais sobre os ruídos, e também sobre as vozes, sobre como funciona essa “hierarquia” da trilha sonora.

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