Ridley Scott após lançar em 1977 os Duelistas, apresentou ao mundo a quintessência dos filmes de terror no espaço, Alien – O 8º Passageiro. Imagino que todos de uma forma ou de outra, já tomaram contato com o filme de Scott, mesmo aqueles que nunca o viram, reconhecem o monstro, uma brilhante criação de H.R. Giger (o genial artista plástico suíço), Carlo Rambaldi e equipe, premiado com o Oscar na categoria de efeitos visuais.
Mas Alien não é só o monstro, é uma história claustrofóbica, uma caçada as avessas, uma inversão do papel do homem do espaço explorador transmutado em presa de uma fera nunca vista com tamanha crueza, realismo e de forma tão agressiva.
Muito do mérito do filme está na “mão” do então genial Scott. Inspirado pelo espaço sujo visto em Star Wars, o diretor colocou seu filme no mesmo “espaço” do filme de Lucas. Nada de astronautas brincalhões, monstros de borracha, naves limpinhas. Tudo em Alien parece usado, parece desgastado (e isso inclui também os personagens). A história funciona muito pelo clima que o diretor e fotografo Derek Vanlint criaram. Tudo parece menor, mais sombrio do que o set parecia ser (dá pra perceber bem isso vendo o DVD de making off do filme).
Porém diferente de Star Wars, que usou a tecnologia e o aspecto sujo para contar uma fábula, Scott ambientou seu filme no futuro real, onde corporações comandam o mundo (muito diferente de hoje?) e seus empregados não passam de peões em um jogo sujo e sem escrúpulos.
Scott pegou um roteiro b, e conseguiu por meio de seu talento e habilidade transformá-lo em algo muito maior do que simplesmente um filme de monstro. Scott conduziu o filme com muita habilidade no intuito de fazer das sombras, um elemento fundamental (o que ele ampliaria em Blade Runner). A nave Nostromo é um casulo escuro, quase um túmulo no espaço, apesar de enorme, essa vastidão é usada de forma homeopática. Você não vê boa parte da nave durante o filme. Você sabe que ela está lá, mas ela funciona mais como ameaça do que como eventual salvação. Onde estará o Alien ? São tantos espaços, tantos buracos, canos e áreas que o espectador fica com a mesma angustia que os personagens. Isso é um mérito inquestionável de Scott. E nos poucos momentos em que a nave é vista num todo a sensação é maior ainda de claustrofobia. “Nossa, mas a nave é tão grande”, “Esse bicho pode estar em qualquer lugar”. Scott confina seus personagens por quase 80% do filme aos mesmos espaços e o espectador embarca junto.
O elenco é todo ele muito afiado e está à vontade no filme. Além de nomes consagrados como John Hurt e Ian Holm, ainda contava com Tom Skerritt, Veronica Cartwright, Harry Dean Stanton e Yaphett Koto.
Não tem como não falar do filme e não destacar com ênfase citar Sigourney Weaver, que se transformou num ícone dos filmes de ação e a primeira (me corrijam se estiver errado) bad-ass do cinema comercial americano. Uma mistura de capitã séria com mercenária das galáxias, aquele tipo de personagem que atira com uma mão e pilota a nave com a outra.
Isso sem falar de cenas icônicas, como o bebe alien rompendo a barriga de um tripulante da nave, a descoberta do tripulante robô, o nascimento dos aliens, o babá ácida, John Hurt com o verme na cara, Sigourney enfrentando o alien só de calcinha e mini blusa, e o final absurdamente aberto, pedindo para, ”por favor, façam uma sequência”.
Alien em Imagens:
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