domingo, 28 de março de 2010

Legião
(Legion, 2010)
Ação/Fantasia - 100 min.

Direção: Scott Stewart
Roteiro: Peter Schink e Scott Stewart

Com: Paul Bettany, Lucas Black, Tyrese Gibson, Adrianne Palicki, Dennis Quaid

Resenhar um filme de ação é quase tão perigoso quanto escrever sobre um filme mundialmente reconhecido, um cult amado por muitos ou sobre uma bomba anunciada. O óbvio ao escrever sobre esse tipo de produção é descer a lenha nas atuações, falar sobre as sequencias de ação e por fim, dizer no alto da empáfia, “é um diversão passageira”.

Legião poderia se encaixar perfeitamente em cada um dos comentários acima, porém, por alguma razão doentia, eu gostei razoavelmente do filme, a ponto de considerá-lo meu “guilty pleasure” do ano.


Guilty Pleasure, pra quem não tem familiaridade com o termo, é aquele filme que você sabe que é ruim (às vezes o mundo todo sabe) mas que por algum motivo você acaba simpatizando com ele ou mesmo gostando.

Não cheguei a gostar de Legião, mas longe de achá-lo detestável, ainda mais quando sabe-se a proposta do filme. Legião é uma brincadeira, e nem quer ser levado a sério, nem se esforça para isso, portanto analisar o filme com os mesmos critérios ou visão que talvez avalia-se um filme que tivesse a petulância de se vender como um “novo clássico da ficção científica” ou “épico moderno” ou qualquer outra coisa, é uma tremenda perda de tempo.


Legião é a história da revolta do anjo Miguel, que não gosta da atitude de Deus que fica de saco cheio dos homens e decide acabar com tudo. Porém ainda existe uma salvação, uma criança na barriga de uma garçonete que mora/trabalha num boteco no meio do nada no deserto americano.

Enfim, não é uma história que vá mudar a vida de ninguém, ou fazer alguém amar o cinema a partir de seus fotogramas.

Diferente, por exemplo do recente Simplesmente Complicado, que tenta a partir de um fato corriqueiro e até certo ponto comum a muita gente (separação e a convivência entre os “ex”) fazer graça. Pra fazer graça com coisa “séria” tem que ser gênio, senão soa forçado e chato.


Fazer graça sobre anjos e metralhadoras, um messias na barriga de uma garçonete, uma velhinha sangue suga e um sorveteiro do mal, não requer tanta genialidade. Requer algum senso estético, alguma habilidade com câmeras, uma boa noção de fotografia e enquadramentos e só.

O filme não é nada mais do que uma re-edição de dois filmes muito melhores que a mistura que o diretor Scott Stewart (um especialista em efeitos visuais, tendo seu segunda oportunidade como diretor) conseguiu: Anjos Rebeldes, um filme Cult (e muito bom) dos anos 90 que versava sobre uma guerra celestial entre anjos e demônios pela posse de uma mulher (o elenco tinha Christopher Walken, Viggo Mortensen, Elias Koteas e Eric Stolz) e Assalto ao 13º DP (o original de Carpenter e o remake com Ethan Hawke) que se passava em um lugar fechado por 90% do tempo, onde um grupo de pessoas (bandidos e policiais) tinham que enfrentar outros que tentavam invadir a delegacia (daí o título).


A mistura torna-se indigesta em alguns momentos, principalmente ao errar na composição dos personagens principais, que não são carismáticos, fazendo com que suas mortes (e varias acontecem como manda a cartilha) não sejam nem lembradas. Como em todo filme de grupo, sempre existe o cara misterioso, o mocinho que rejeita o rótulo, aquele que se sacrifica "pelo bem maior" e o traidor, e como todo clichê dos filmes de ação, os epílogos desses personagens também são os esperados.

As interpretações condizem com o roteiro. São fracas, limitadas e sem brilho. Bettany tenta compor seu personagem como um bad-ass com coração. Quando ele é o bad-ass até funciona, quando ele mostra o coração falha grandiosamente. Lucas Black, o mocinho, é fraco até dizer chega, e não é nesse filme, mas uma constante. O mesmo vale para Adrianne Palicki (a garçonete grávida) que é limitada e passa o filme todo sentindo pena de si mesma. E Dennis Quaid repete seus personagens, e se auto parodia.


Outro problema grave, e que já era esperado, é a qualidade (ou melhor, a falta de) dos diálogos. Quase todos medíocres ou auto-explicativos. E tome cena de arrependimento do pai com o filho, de revelações sobre o passado contadas para um completo estranho, e o fato de pessoas que se conhecem a menos de um dia, se importarem de forma doentia por outros estranhos a ponto de arriscarem suas vidas para salvá-los. Enfim, tudo o que já conhecemos num bom (ou péssimo) pipocão.

Mais então, porque esse filme não merece um fraco, ou ruim... ou mesmo um sofrível ?

Porque no cerne da questão, é divertido e é verdadeiramente descompromissado. Dentro da sua proposta (tacanha é verdade) cumpre bem o seu papel. Estão lá, efeitos convincentes (mais que poderiam ser melhores), uma fotografia inteligente (abusando das cores do deserto), um anjo bad-ass, algumas sequencias (como a da velhinha e do soverteiro já citadas) divertidas e uma boa dose de ação. Ligeiro, totalmente esquecível e até idiota, mas divertido. Cinema McDonald’s da melhor qualidade.

2 comentários:

  1. A bomba do ano. Pra mim há um limite entre o pipocão e aquilo que ofende a intelîgência. E Legião ofende a inteligência com diálogos horríveis - alguém foi pago pra escrever esses diálogos? - situações bisonhas - Michael se arma até os dentes, uma arma em cada mão, destrói a porta, dá dois tiros com cada arma e então... joga elas no chão pra sair na porrada? - e total falta de sentido na idéia geral da história, com furos berrantes.
    E o que é o Gabriel com aquela arma em que ele aperta um botão (!!!!) e ela começa a girar?
    Cara, o céu tem uma fábrica e tanto.
    Esperava muito dessa merda aqui, e é a maior bomba dos últimos anos.

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  2. Concordo com vc rsrsrs, mas o meu sadismo me fez gostar do anjo Gabriel metralhando as pobres almas. Eu sei, o mundo odiou Legião, mas eu odiei menos digamos assim rsrs.

    Esse não me deu sono como Amelia rsrs

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