Adventureland
(Adventureland, 2009)Drama/Comédia/Romance - 107 min.
Direção: Greg Mottola
Roteiro: Greg Mottola
Com: Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Ryan Reinolds, Martin Starr, Matt Bush e Bill Hader.
Adventureland (me recuso a utilizar em qualquer texto o medíocre nome em português do filme) é mais uma obra interessante que aborda o “traumático” período do fim da adolescência e início da fase adulta. Traumático, pois, é a hora em que os nossos problemas deixam de ser resolvidos pelos “agentes externos” e passam a ser responsabilidade nossa.
Ou seja, é a hora em que precisamos arrumar um emprego, vislumbrar se nossos sonhos são realmente compatíveis com a realidade e principalmente ir atrás dos mesmos. Infelizmente numa era do “ter” e não do “ser”, essa última afirmação tende a ser substituída pelo “quanto vou levar nisso”, ou “isso é difícil demais, melhor eu fazer alguma coisa simples e fácil que me de dinheiro”.
Pessoalmente sempre admirei gente que vai atrás do que quer, que tenha um “norte” e que lute para atingir seus objetivos, quaisquer que sejam eles.
Greg Motolla, parece pensar parecido. Em Adventureland, ele coloca James Brennan (Jesse Eisenberg de Zombieland) como o rapaz que enfrenta essa mudança. James é um estudante inteligente, recentemente aceito em uma das faculdades mais prestigiadas nos Estados Unidos e que após sua formatura no colegial (sou velho e não uso o termo “Ensino Médio”) está em vias de embarcar em uma viagem com seu amigo Eric (Michael Zegen) para um verão em terras européias. James é articulado, culto, mas (e isso é muito interessante por fugir do clichê) não é o nerd. Fuma unzinho, enche a lata e pega umas garotas. Ok, o cara é virgem, mas muito mais por uma convicção de transformar aquele ato em algo mais do que simplesmente sexo do que por falta de oportunidade. Sua vida vai bem, até receber a noticia de que seu pai não vai poder bancar a viagem e pior, sem chances da sonhada viagem para a faculdade na sempre mágica Nova Iorque.
James vai ter que “ralar” pra conseguir o dinheiro necessário para manter-se na universidade. Motolla (que também é o roteirista) é sutil em sua piada acida sobre jovens de nível cultural elevado que são obrigados a trabalhar em sub-empregos, simplesmente por encontrarem muita gente sem essa noção de que cultura é mais importante do que tudo. Sem ela, viveríamos nas cavernas ainda, por exemplo.
O único lugar em que consegue emprego é no medíocre parque de diversões Adventureland, habitado por uma infinidade de personagens interessantes, como o gerente do parque Bobby (Bill Hader de Superbad), o nerd boa praça Joel (Martin Starr), a gostosa Lisa P. (Margarita Levieva), o insuportável Tommy Frigo (Matt Bush), o enigmático “cara da manutenção” Mike Connell (Ryan Reinolds) e a musa indie Em Lewin (Kristen Stewart).
Se você viu algum trailer já pode imaginar o que acontece. Se não, curto e grosso: James e Em se envolvem e ao mesmo tempo amadurecem.
O que poderia soar como clichê, funciona divinamente. No embalo de 500 Dias com Ela, que aborda uma faixa etária um pouco mais alta, Advetureland é um retrato bastante interessante de um período da vida de todos nós. Apesar de ser ambientado em 1987, o filme serve como uma crônica muito bem feita.
Apenas percebe-se que o filme se passa em 1987, por alguns detalhes: a falta de elementos tecnológicos (celulares, computadores e afins), a moda e a trilha sonora, que é bastante inspirada e agrada aos fãs de sons dos anos 80, indo de Lou Reed (que não é 80’s mas é quase um guru do som desse período), passando por Poison, Jesus and Mary Chain, The Cure, The Replacements, Judas Priest, David Bowie entre outros.
Motolla (que é o diretor de outro filme inspirado sobre adolescência: Superbad) dá um passo a mais em sua carreira. Em Superbad, o foco era a comédia e a questão do crescimento era mostrada de forma discreta. Em Adventureland, a coisa é mais direta. Motolla é objetivo em mostrar a fase de maturação e “libertação do casulo” dos personagens. A conversa é franca, sem rodeios e realista.
Os coadjuvantes estão muito bem em sua maioria. Ryan Reinolds, talvez em um dos seus únicos papéis em que não existe um milímetro de exagero está muito bem, assim como o (esse sim bastante caricato) Bill Hader, quase repetindo o papel em Superbad, e ainda sim com graça. O maior destaque no entanto vai para Martin Starr, que apesar de exteriormente emular o nerd clássico, é muito mais do que isso. Belo papel.
Mais Adventureland não teria a menor graça sem a combinação e a química entre James e Em, Eisenberg e Stewart respectivamente.
Eisenberg é o rapaz tragicômico, sem muito tato e com a língua solta, que acaba se dando mal por isso. Ao mesmo tempo, o texto e o interprete fogem da piada fácil e da piedade por aquele “rapazinho meio abobalhado”. Ele se impõe como personagem e consegue uma interpretação bastante natural, o que é fundamental num filme assim.
Stewart é a musa indie. Sua persona de “não ligo mesmo, se estou de calça jeans e tênis roxo, não ligo se você não gosta” e a expressão mezzo blasé já estão se transformando em partes fundamentais de como a atriz entende a arte da interpretação. Por algum motivo racionalmente incompreensível, a atriz consegue (pelo menos comigo) transmitir uma sensualidade natural. Em outras palavras, apesar de ser dotada de beleza comum, ela consegue “crescer” na tela. Prestem atenção na menina e esquecem a série dos vampiros vegetarianos. Vejam esse, esperem Runaways e seu filme novo que estréia em breve, onde ela vive uma stripper. Potencial ela tem.
Num ano em que 500 Dias com Ela foi elevado por muitos (me incluo nesse time) a categoria de filmes representativos sobre os jovens adultos, eu torço muito para que Adventureland seja descoberto por seu público (os adolescentes) e que seja elevado a mesma categoria.
Olá Alexandre!
ResponderExcluir"Ferias Frustradas de Verão" foi o texto que iniciei meu blog, no início deste ano. Aluguei sem mais pretensões e me deparei com uma "comédia" deliciosa, que transborda vivacidade. Como tu disse, merece ser descoberta. Vai entender essas distribuidoras brasileiras...
abs!
Elton, disse tudo ... vai entender essas distribuidoras
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