terça-feira, 13 de abril de 2010

Los Cronocrímenes
(Los Cronocrímenes, 2007)
Ficção Científica - 92 min.

Direção: Nacho Vigalondo
Roteiro: Nacho Vigalondo

Com: Karra Elejalde, Candela Fernández, Bárbara Goenaga e Nacho Vigalondo

Cada vez fica mais claro pra mim que se você quiser ver algo diferente, original, ou de bom gosto e com qualidade nos gêneros de ficção cientifica/fantasia/terror é muito mais fácil se impressionar com o que é feito na Europa (com menos recursos mais com mais criatividade) do que com os filmes “enlatados” feitos nos Estados Unidos.

Cronocrimenes, filme espanhol de ficção científica, é mais um dos que entra para essa lista de boas surpresas que devem ser descobertas por aqui.

O filme é curto (cerca de 90 minutos) e por isso é enxuto, sem perder tempo com a enrolação, explicações, parzinho romântico, herói sem defeito entre outros problemas que detectamos nas produções mais recentes feitas pelos norte-americanos.


Também ganha pontos ao desenvolver muito bem seu plot sobre Hector, um homem comum e casado que está se mudando para uma casa afastada dos centros urbanos, cercada de bosques, um cenário gostoso e relaxante. Sua rotina muda quando ele observa uma garota no bosque próximo a sua casa. Uma morena bonita, que parece assustada e que vagarosamente tira a camiseta. Segundos depois de ter sua atenção voltada para sua esposa, Hector volta a observar o fato e não encontra mais a moça. Apenas suas roupas.

Intrigado, Hector vai até o bosque e encontra a mulher desacordada e nua encostada numa pedra. Ao tentar se aproximar é atacado sumariamente por alguém, que o fere com uma tesoura. Descobre que o atacante é um bizarro homem que tem a face coberta de ataduras cor de rosa. No afã de fugir de seu atacante, ele chega a uma espécie de instalação, onde ajudado por um homem, entra numa espécie de máquina que ao ser acionada, o faz regressar no tempo cerca de uma hora.


O filme usa do realismo da primeira parte do filme como preparação para o momento da viagem no tempo. O filme é adepto da idéia de que o tempo é um fluxo continuo e que passado, presente e futuro estão interligados como uma corrente.

Apesar do assunto, o filme usa o preceito da volta no tempo, como subterfúgio para um thriller, onde o que Hector mais quer é voltar a sua vida normal e para isso tem de encontrar uma forma de deixar as coisas acontecerem, sem prejudicar o tal "fluxo temporal", e ainda tendo que as vezes provocar algumas situações. Parece confuso, mas na prática funciona bem.


A graça é que a sucessão de eventos complexos quase sempre funciona bem, porém quando você assiste ao filme pela segunda vez, percebe que nem todos os paradoxos temporais foram bem resolvidos. Duas cenas em particular me incomodaram: a primeira envolve um telefonema, que parece ter tido seu tempo alterado e a segunda envolve uma pessoa que cai de um telhado. O resultado dessa segunda ação pareceu falso (a imagem em si, o modelo usado para simular uma pessoa), o que compromete um pouco a sensação de probabilidade/realismo que o filme quer mostrar.

Porém, o filme não quer ser “O” filme sobre viagens no tempo, quer é deixar o espectador entretido por um pouco mais de uma hora entregando uma produção de qualidade. E isso consegue.


A atuação de Karra Elejalde, que vive Hector, é muito boa. Sabendo variar a personalidade de acordo com o que o filme pede, é bastante feliz e bastante crível como o homem que acidentalmente mudou sua própria vida.

A direção e roteiro do filme são de Nacho Vigalondo, que vive o rapaz que ajuda Hector e que o envia de volta ao passado. Tecnicamente consegue se sair muito bem, porém derrapa no roteiro como disse anteriormente. Apesar da explicação (que o personagem do próprio Nacho dar a Hector) ainda assim, algumas pontinhas ficam soltas e o final ambíguo é um tanto quanto decepcionante depois de mais de uma hora de corre e corre. Embora Nacho faça da ultima sequencia uma excelente tomada em travelling por uma casa, para mostrar os resultados daquela “bagunça” toda.


Divertido sem querer ser muito mais do que isso, e acima da média da produção atual de ficção científica, Los Cronocrimenes tem predicados suficientes para agradar até aqueles que não são fãs do gênero.


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