quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Gigantes de Aço
(Real Steel, 2011)
Ação/Aventura - 127 min.

Direção: Shawn Levy
Roteiro: John Gatins

Com: Hugh Jackman, Dakota Goyo, Evangeline Lily e Anthonie Mackie

Fazer entretenimento de qualidade parece cada vez mais difícil. A cada semana, novos exemplares de blockbusters chegam às telas e cada vez menos o publico se lembra de algum deles. São cada dia mais efêmeros, mais medíocres e fadados ao hall do esquecimento. Por isso, cada vez que um "pipocão" consegue ao menos divertir e te fazer lembrar de alguma sequencia ou mesmo ideia, os críticos se vêem no direito (e dever) de exaltá-los, até - admito - de forma exacerbada às vezes.

É o caso desse Gigantes de Aço, uma bobagem das mais divertidas que vi esse ano no cinema. Longe de ser uma obra prima, ou mesmo um blockbuster com algo a mais (como X Men Primeira Classe, Super 8 e com ressalvas Planeta dos Macacos - A Origem), é divertido e completamente consciente de suas intenções meramente escapista.

O filme tem um dos plots mais absurdos e potencialmente divertidos do ano. Temos Charlie Kenton (Hugh Jackman) um ex-boxeador que ganha à vida na insólita profissão de treinador de robôs boxeadores. Pois é.


Robôs lutadores de boxe. É a partir disso que a historia do boa vida, semi alcoólatra, caloteiro e apostador Charlie começa. Quando o filme começa, não sabemos como, nem porque os robôs lutam boxe, mas somos apresentados a Charlie e seu caminhão estiloso chegando a um rodeio, onde faz seu robô enfrentar um touro temido. Quando o boxeador é estraçalhado, Charlie foge para não pagar sua estúpida aposta para com o organizador do rodeio e acaba surpreendido por dois sujeitos, que informam que uma ex-namorada (que Charlie aparentemente mal conhece) tinha morrido e que seu filho (e de Charlie) era agora sua responsabilidade.

Depois de um acerto financeiro canalha entre Charlie e um tio rico que queria ficar com o menino, Charlie propõe ficar com o garoto durante o verão, para não dar na vista que vendeu-o, e entregá-lo no fim das férias. Charlie (e o público) conhece o pequeno adulto Max (Dakota Goyo) e obviamente não sabe como lidar com o garoto, ao mesmo tempo em que usa o dinheiro da venda, para comprar um ex-campeão dos robôs e prepará-lo para lutar.

Basicamente, Gigantes de Aço é uma mistura das óbvias referências de Transformers e Rocky Balboa com um que de Falcão, Campeão dos Campeões, pela relação conflituosa entre pai e filho que não se entendem e tem de viajar juntos. Se você viu esse último, tem uma ideia bastante fiel de como Gigantes de Aço vai funcionar.


Shawn Levy (dos medíocres Pantera Cor de Rosa, Uma Noite no Museu, Uma Noite Fora de Série, Doze é Demais entre muitos outros) fez aqui seu melhor filme. Longe de ser cinema de alta classe, se apóia no carisma cada vez maior de Hugh Jackman (o Harrison Ford dessa geração), na história manjada de redenção e de conflitos entre pai e filho, e no ótimo conceito visual das lutas e dos robôs. Quando um segundo robô é inserido na historia, vemos que o pessoal dos efeitos visuais fez seu trabalho de casa direitinho, fazendo do personagem um verdadeiro simulacro dos movimentos de Max e Charlie.

Na mesma sequencia em que o robô imitador é inserido na historia, o roteiro de John Gatins (o mesmo de Coach Carter, drama sobre um treinador de futebol americano vivido por Denzel Washington) é esperto ao explicar de forma rápida e simples o motivo da existência do tal boxe de robôs. Sem "estragar" a graça de vocês leitores, digo apenas que é uma explicação fincada na realidade com uma boa dose de crítica social embutida, o que é bastante raro em produções desse tipo.

Levy também parece ter aprendido a como filmar boxe na escola John G. Avildsen, já que o terceiro ato - que obviamente envolve uma luta decisiva - é "chupado" de Rocky, um Lutador, me fazendo crer que a qualquer segundo ouviria os acordes da trilha de Bill Conti ecoando pela sala. Desde os movimentos de câmera, passando pelas garotas das placas, até mesmo os planos mais abertos que mostram o ringue, o publico e o imenso telão no teto, todos parecem ter saído do filme de 1976. Um misto de falta de ousadia e muito de homenagem, que faz do filme um objeto altamente "torcível", já que fica impossível não querer que aquele pessoal se de bem.


O filme ainda conta com "participações especiais" de Evangeline Lily (a eterna Kate de Lost e a Adrian da vez no filme) e de Anthonie Mackie (de Guerra ao Terror, aqui vivendo um empresário do ramo), mas é nas costas de Jackman que o peso do filme está jogado. Consagrado como astro, herói de ação, dançarino e até cantor, Jackman caminha a passos largos para ser o maior astro de sua geração, usurpando o trono que um dia foi de seu conterrâneo Mel "Bad" Gibson. Divertindo-se em cena e bem humorado, faz de seu personagem um canalha amável e de bom coração.

Óbvio desde o primeiro minuto e com uma historia já contada inúmeras vezes, Gigantes de Aço é um caso raro de clichê ambulante que diverte o público e não aborrece a critica. E isso, por si só é um mérito do tamanho de um robô gigante.



Nenhum comentário:

Postar um comentário