quarta-feira, 9 de setembro de 2009


Planeta dos Macacos (Planet of the Apes - 1968)


Direção: Franklin J. Schaffner


Com: Charlton Heston, Roddy McDowell, Kim Hunter e Maurice Evans

As pessoas que conhecem um pouco sobre mim, já devem ter ouvido eu mencionar meu apreço por essa obra em especial. Foi engraçado, re-re-re ver (nem sei se a palavra existe , mas vamos "caetanear") esse filme depois de uns três anos. A última vez que o vi, tinha outra namorada, outro emprego, menos tempo, mais estresse e menos paciencia. Antes disso, vi o filme quando era mais novo (na época do colegial, se não me engano), e havia me apaixonado. Quando vi novamente, fiquei "brochado" . Não sei, alguma coisa não funcionou.
Ontem, as coisas funcionaram de novo. E foi lindo.


Voltou a ser o meu sci-fi favorito (sim, gosto mais desse do que de 2001, Fahrenheit, Alphaville, Star Wars, Star Trek ...), e pelos motivos mais óbvios possíveis. A história. Os personagens.
Toda vez que algum filme te faz pular da cadeira, te da vontade de contar pra todo mundo sobre, pode ter certeza que o que fez você se apaixonar, foram os personagens e a história.


Acho que boa parte das pessoas a conhece, mas não custa relembrar. Trata-se da história de um astronauta (Taylor) que sai em uma missão espacial e sofre um acidente caindo em um planeta habitado por macacos inteligentes e dotados de fala, cultura e civilização.


As relações "humanas" entre o nosso herói (vivido por um Charlton Heston, despido de qualquer vaidade de "super-estrela") e os chimpanzés e cientistas Dr. Cornelius (Roddy McDowell) e Dra. Zira (Kim Hunter) são o melhor do filme. Nos meio de toda a discussão implicita sobre preconceito, respeito as diferenças e sobre crescimento evolutivo, ainda se encontra uma bela aventura, com sequencias de ação bem orquestradas (a primeira em especial, quando Taylor e seus companheiros astronautas sobreviventes são supreendidos numa plantação de milho, e fogem pelados somente para serem capturados pela horda de gorilas a cavalo, ainda é impactante).


As questões sociais, mesmo que veladas, fizeram esse filme não envelhecer, e se tornar (ainda hoje) bastante atual. A trilha sonoroa de Jerry Goldsmith é estupenda, e o uso de instrumentos exóticos. como a nossa cuíca por exemplo, nos fazem embarcar nessa verdadeira viagem a outro planeta.


E como não falar de Dr. Zaius (vivido com classe por Maurice Evans), que simboliza a burocracia, a dificuldade de compreensão e o medo do diferente. Notem a clássica cena dos macacos no julgamento, quando Zaius e os outros dois tribunos imitam a famosa piada do macaco, onde um não ve, outro não ouve e outro não fala.


Zira e Cornelius por sua vez, simbolizam a nova ordem. A geração da Era de Aquarius, ou qualquer outra coisa relacionada a geração flower-power. Eles são jovens, inquietos, questionadores e não tem medo de lutar pelo que acreditam. Roddy McDowell , como Cornelius, encarnou O pesonagem de tal maneira, que ficou impossível não associa-lo a franquia (Roddy estrelou mais 3 filmes da cine-série dos macacos). Kim Hunter , como a Dra. Zira, nos dava o olhar "humano" ao filme. Não é dificil nos identificarmos com ela. Kim, "comeu" o personagem e transformou a cientista chimpanzé em seu trabalho mais popular (sim, eu sei ... ela estava em Bonde Chamado Desejo e sim, esse foi o seu trabalho mais importante) e uma ícone pop.


Mais tudo isso seria nada, se novamente, a história não fose boa. O roteiro enxuto de Michael Wilson e de Rod Serling (mais tarde criador da série Além da Imaginação) é ótimo. Tudo no lugar, sem arestas e muito fluído. Costumo dizer, que o filme é bom, quando você fica sentado por duas horas numa cadeira e sua bunda não dói. Esse filme não me fez sentir nenhum tipo de formigamento, graças em boa parte a excelente condução da história.


E finalmente, Franklin J. Schaffner, que até então tinha feito (em termos de sucesso comercial) apenas um filme de impacto. O bom, O Senhor da Guerra, com Charlton Heston. Depois veio a dirigir, Patton, Papillon e os Meninos do Brasil. Sua direção é segura, e é tecnicamente irrepreensível. A maquiagem é revolucionária e John Chambers (designer executivo e criador do conceito) recebeu um Oscar honorário pelo brilhante trabalho.


E... não podemos deixar de lembrar sempre ... da cena final. O pai dos finais supresa, e na minha opinião o melhor deles. A experiência de ver pela primeira vez, a estátua da Liberdade enterrada no fim da praia, toda corroída, é de arregalar os olhos, respirar fundo e soltar um sonoro "what a fuck". É O final. É A conclusão mais simbólica e arrebatadora do cinema de ficção científica. É acida, é cruel, e é perturbadora. A noção de que nós, seres humanos, fomos os responsáveis pelo fim de nossa própria civilização, na época chocava e alarmava e hoje é mais uma possível realidade.


Não percam mais seu tempo lendo esse post. Assistam.


TRAILER:







 

12 comentários:

  1. Agora sou eu que digo que gostei do seu cafofo. O bom é que agora tenho mais um blog bacana pra visitar.

    Abraços.

    Ah, ainda não vi esse primeiro Planeta dos Macacos.

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  2. BEEEEM clássico mesmo esse hein?!
    gostei do seu blog, legal essa coisa de relembrar filmes e tal! bjooO;*

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  3. Olá! Parabéns pela crítica do filme. O "Planeta dos Macacos", dessa época, é também um dos meus filmes favoritos. Me recuso ver a versão que lançaram um tempo atrás para não perder a magia. É a mesma coisa do filme da "Fábrica de Chocolate": a versão original tem a magia da época, não tem comparação.

    Abraço

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  4. Tiro do fundo do bau meesmo
    asuhasuasuh
    planeta dos macacos é um grande clássico

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  5. Cara, sobre filmes você parece ser igual a mim.. vai na locadoura pra procurar algum filme que já viu! haha!

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  6. Se toda a construção do mundo dos símios me parece meio mal explicada, os temas propostos, os personagens e a força das imagens, fará esse filme ser lembrado daqui a 500 anos.

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  7. Os filmes antigos são os melhores!
    A adaptação mais recente é uma bosta...vou ver se acho pela net.

    www.teoria-do-playmobil.blogspot.com

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  8. Assisti e como todo filme antigo,tem um ar cult!

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  9. Um dos melhores filmes de ficção de todos os tempos, marcou minha infância! A cena final, com a revelação estarrecedora, é inesquecível!

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  10. Gostei do que você disse sobre esse clássico, que eu também adoro. cho legal destacar também o processo de "humanização" de Zira. Lembra que no início do filme ela se recusa a ajudar o assistente dela? Ela ficou com medo de se expor, de ter sua posição ameaçada. Ela só militava em causas que não exigiam envolvimento pessoal. Ela e Cornelius se tornam "jovens" ao longo do filme, mas começam como classe média. Eu linkei o Fotograma no meu blog, a alpitaria Brasil, que também fala muito de cinema.

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  11. Bem lembrado essa questão do envolvimento pessoal dos personagens ... sempre vi a Zira como aquele cara/mulher que quer se envolver mais tem medo da consequencia, e o Cornelius como aquele que acha que passeatas pela paz resolvem os problemas. O advento Taylor muda tudo na cabeça deles e "bagunça o coreto" do casal.

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