Deixe Ela Entrar
(Låt den rätte komma in - 2008)
115 min. - Drama/Terror
Direção: Tomas Alfredson
Roteiro: John Ajvide Lindqvist
Com: Kare Hedebrent, Lina Leandersson
Antes de mais nada, vou logo dizer: é o maior filme de vampiros da década !
Sim, amantes de Crepúsculo, esqueçam o filme meloso sobre o amor entre humanos e seres das trevas e ajoelhem-se perante a poderosa obra de Tomas Alfredson.
Muito mais do que um filme de terror, ou de gênero, Deixe Ela Entrar é uma ode ao cinema.
Alfredson, talvez (e aqui cabe um exercício de "achismo"), inspirado por Bergman e congêneres aporta com os mesmo temas do mestre.Solidão. Incoformismo. Incapacidade de se relacionar com o mundo, e principalmente o amor.
Voltando as farpas, apesar dos vampiros virgens de Crepúsculo serem adolescentes ou jovens adultos, sua linguagem e seu amor são tão pueris e inconsistentes que só encantam os pequenos. Já Deixe Ela Entrar, que versa sobre o pequeno Oskar de 12 anos que vive sozinho (emocionalmente) e que se apaixona pela menina Eli, apesar da idade e da falta de beijos, amassos e afins é muito mais poderosa como representação do amor que a péssima obra americana.
Oskar, divinamente vívido por Kare Hedebrant, é a representação de inúmeros jovens do mundo. Solitário, perdido em um mundo de idéias, com medo de enfrentar seus medos e que não sabe como lidar com sua efervecente vida.
Eli, numa das maiores atuações do ano (olho na pequena Lina Leandersson), é o objeto da paixão. Estranha, complexa, sofrida, e de uma integridade emocional supreendente. Um pequeno bichinho assustado, uma flor que nunca desabrochara.
Nota-se pela descrição que não vemos aqui um típico filme de terror.
Eli é uma vampira. E Oskar é um sonhador. Ele sonha com uma vida sem temores, sem problemas, que como todos nós sabemos é impossível. Ela tem medo da sua própria condição, tem medo de se aproximar, e mais medo ainda de amar.
Oskar está naquela fase em que somos tomados pelos primeiros hormônios, onde nossa mente e nosso coração estão no mesmo lugar ao mesmo tempo.
Eli também. Apesar de vampira, ainda é uma menina de 12 anos.
A relação dos dois é de uma beleza que poucas vezes vi, ainda mais tratando-se de um relacionamento absolutamente platônico.
Falemos de Tomas Alfredson. Foi o primeiro filme que vi do diretor, e se os demais mantiverão a soberania da câmera, o perfeito uso da fotografia e da excelente direção de atores, temos sim um grande diretor. Corajoso, ao expor a sensualidade implicita aos vampiros, mesmo em uma pré-adolescente e a de forma muito sutil, abordar a homossexualidade (notem a cena do pai e de Oskar e de seu convidado, brilhante).
A trilha sonora é quase imperceptivel, e o silêncio é a melhor das trilhas.
Procurando informações sobre o filme, me deparei com a existência de um livro que o próprio autor (John Ajvide Lindqvist) adaptou para as telas. Se alguem souber se isso saiu em inglês comentem ai embaixo.
O filme, apesar dos meus rasgados elogios, talvez não agrade a todos. É comtemplativo, soturno, e lento.
Quem já teve a oportunidade ver algum filme sueco e gostou, não terá problemas com o ritmo empregado pelo diretor.
Em resumo, é uma obra obrigatória. Aos amantes dos filmes de vampiro, aos fãs dos suecos, aos românticos , e mais do que tudo, a todos nós que gostam de cinema, independente do gênero.
PS: - O filme foi indicado a três prêmios Scream (filme de terror, ator e atriz) e não vai ganhar nenhum rsrs. Onde já se viu americano premiando alguma coisa que não fale inglês.
TRAILER:
(Obs: Vem ai a versão americana , dirigida pelo Mathew Reeves que fez Cloverfield, cheiro de porcaria a vista).