segunda-feira, 31 de maio de 2010

Fúria de Titãs
(Clash of Titans, 2010)
Ação/Aventura - 106 min.

Direção: Louis Leterrier
Roteiro: Travis Beacham, Phil Hay e Matt Manfredi

Com: Sam Worthington, Liam Neeson, Ralph Fiennes, Mads Mikkelsen

Em 1981, o produtor Ray Harryhausen, que criava os grandes efeitos de stop motion dos filmes da época, produziu o filme Fúria de Titãs, um épico que enfocava no embate entre deuses e humanos, com os grandes personagens da mitologia grega, como Zeus , Medusa e Hades . O filme tinha a trama simples, mas não escondia tal característica : se encarava apenas como uma diversão a lá "Sessão da Tarde", com diversos efeitos especiais criados pelo experiente gênio na arte do stop motion, Harryhausen. Nos últimos anos, com a volta da popularização do gênero épico, alguns filmes do gênero foram produzidos. Um grande exemplo é 300, de Zack Snyder, que possui todas as características de um legítimo filme do gênero, se levando a sério, com uma trama de personagens bem desenvolvidos e situações genias. Um clássico moderno.


Logicamente, os produtores hollywoodianos não poderiam perder sua chance de lucrar um pouco mais sobre o gênero, levando aos cinemas mais um blockbuster, com bases épicas. Nada melhor do que fazer um remake de um clássico do gênero, aplicando efeitos e técnicas atuais sobre o grande filme de 1981. Na teoria, o Fúria de Titãs de 2010 tinha tudo pra dar certo. Na teoria. O que se vê em tela é uma sucessão de erros inadmissíveis para um remake desse nível.


Na trama, que é a mesma do longa da década de 80, Zeus (Liam Nesson) está profundamente irritado com o descaso e desobediência dos humanos ,que, por sua vez, estão inconformados com o descaso de seus deuses. Com isso, os deuses fazem uma exigência aos humanos: A princesa Andrômeda (Alexa Davalos) deve ser sacrificada, ou então Hades (Ralph Fiennes) libertará o colossal monstro Kraken, para arrasar a cidade de Argos. Para conter Kraken , um grupo de bravos soldados é reunido a Perseu (Sam Worthington) um jovem semi-deus que acabou de descobrir sua divindade.

A história é de fato rasa e simples, sem maiores refinações, como no filme de 1981. O problema é que o filme produzido por Harryhausen se assumia como uma aventura simples, sem se levar a sério demais. O filme de 2010 dirigido por Louis Leterrier (experiente em blockbusters), pega a mesma trama, mas se leva verdadeiramente a sério . Nota-se isso já pelo trailer, e no filme, pelo tom que o diretor emplaca. Ora, isso transforma o filme em um ninho de situações esdrúxulas . E o roteiro confirma sua estupidez explicando após cada cena o que já se consegue ver claramente, sem necessidade de nenhuma fala do tipo “Olhem, eles estão em cima dos escorpiões! ”. Isso sem falar em incongruências que se espalham pouco a pouco ao longo do filme. A rapidez em que Sam Worthington se convence que é um semi-deus é bem forçada, e sua relutância em usar seus poderes ao longo do filme soa muito mal. O roteiro se esmera onde não precisa, e relaxa em pontos importantes. Outra demonstração da falta de competência na escrita são as cenas que tentam pontuar o drama do filme. Não transmitem um pingo de emoção.


Se o filme tem um roteiro geral tão ruim, na construção de seus personagens é ainda pior. Nenhum deles é trabalhado de forma decente, e quando tentam desenvolver Perseu, a atuação cretina de Sam Worthington dá a pá de cal na história. Simplesmente causa risos. Muito careteiro e sem um pingo de competência dramática, pelo menos neste filme. Os outros astros seguem a trilha Worthington. Atuando na medida do caricato, nem Liam Nesson passa limpo. Sobram as cenas de ação, que compõem a maior parte do longa. São os pontos positivos do filme, e conseguem entreter. A única decepção é a luta contra Kraken. O monstrão mostrado no trailer demora para sair da água, e quando sai, tem uma luta insossa e rápida, que dá a impressão final de um último ato um tanto apressado.

Já Leterrier, que poderia ter abusado numa direção visionária e ter mais reconhecimento na indústria cinematográfica, faz uma direção de aluguel, extremamente comum e que atrapalha o andamento de algumas sequências. Corta muito em algumas passagens de ação, o que atrapalha um pouco no entendimento dessas situações. Mais takes únicos não fariam mal a ninguém. Dirigindo efeitos, ele se sai melhor, conseguindo extrair movimentos de câmera bem melhores . Já na direção de atores, Leterrier não extrai bons resultados de seus atores, e os enquadra no estilo feijão-com-arroz de sempre .


Os efeitos são muito bonitos e cumprem o que prometiam . Da parte técnica, também se destaca a trilha sonora, que se sobressai quando comparada a outras trilhas de filmes de ação. Os cenários também são muito bonitos, e conseguem passar a imponência necessária. Deslizes só na fotografia. Nenhuma paleta mais interessante para se aplicar num épico, e fica um pouco da sensação do filme não se passar naquela época.

A sensação que fica ao fim da exibição é que o filme não cumpriu boa parte do que prometeu. A estética de épico não se baseia nos figurinos e nas espadas, mas sim no tom de narrativa empregado por seus realizadores . Portanto, Fúria de Titãs mais parece um filme ruim de aventura B, disfarçado em um épico de alto orçamento. Aliás, chamá-lo de épico é uma ofensa a esse gênero consagrado, que já nos trouxe tantas obras-primas.

Um comentário:

  1. Cara, não é preciso nem assistir pra ver a tosqueira que deve ser isso tudo, rs
    Eu sinceramente prefiro um filme com uma boa história, ou seja, esse filme não é pra mim!
    UHASUHAHSUA
    òtima resenha! xD

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